Brasília não terá desfile de Escolas de Samba
Em Brasília, os apaixonados pelo carnaval terão que guardar seu sonho até o próximo ano, fruto da crise instalada no Governo do Distrito Federal. O resultado do cancelamento dos desfiles das Escolas de Samba e Blocos de Enredo afetou a festa, mas também comprometeu seriamente dirigentes e agremiações que haviam contraído dívidas, na expectativa de receber a verba prevista em legislação do DF.
Publicado 12/02/2015 09:38 | Editado 04/03/2020 16:38
Em nota oficial a ARUC, Associação Recreativa e Cultural Unidos do Cruzeiro, afirma que o problema “poderia ter sido minimizado, pois já se falava em dificuldades financeiras desde o governo de transição, e o governador eleito esteve no barracão e viu o trabalho em andamento durante a campanha.
Um alerta mais claro para os dirigentes poderia ter suspendido os trabalhos há mais tempo”. Num tom mais alto, a tricampeã consecutiva do carnaval do DF, Acadêmicos da Asa Norte, lançou um “Manifesto Oficial”, onde critica duramente a incompreensão do papel que o carnaval ocupa e a postura do governador Rodrigo Rollemberg.
Diz a nota que “tivesse o atual governo um mínimo de compromisso com a cultura e com o povo do Distrito Federal, bastaria determinar, na hipótese verdadeira de falta de recurso, que o Banco Regional de Brasília – BRB patrocinasse o Carnaval das Escolas de Samba, segundo os valores das subvenções”.
O carnaval é muito mais do que festa
Para além de ser uma das mais tradicionais festas do DNA do povo brasileiro, o carnaval movimenta a economia do país, do Oiapoque ao Chuí.
A cadeia produtiva do carnaval envolve múltiplas atividades econômicas, gerando um acréscimo na oferta de empregos temporários imensuráveis. Se você pensa que isso está ligado apenas às atividades desenvolvidas nos barracões das escolas de samba, está completamente enganado. Segundo dados do site do Ministério do Trabalho, são criados cerca de 250 mil postos de trabalho temporários que, além de costureiras, aderecistas, marceneiros, envolve também os trabalhadores como vendedores, recepcionistas, atendentes, garçons, pintores, auxiliares de serviços gerais, seguranças, motoristas, entre outros. Além disso, o carnaval movimenta os setores da produção cultural, do turismo, gastronômico, fonográfico, entre outros. Envolve ainda profissionais das artes, que vão desde designs de moda, dançarinos, coreógrafos, diretores, músicos, atores etc.
O carnaval também contribui com a movimentação das economias solidárias que trabalham na coleta, seleção e reciclagem de resíduos sólidos, transformados em fantasias e adereços.
Mas, sempre é bom lembrar que o carnaval, o samba, os festejos populares também são paixão. O amor por uma agremiação carnavalesca movimenta seus apaixonados durante todo o ano para, em quatro dias, viverem e exporem na avenida os seus sonhos traduzidos em samba enredo.
De Brasília
Sônia Corrêa