SP: Rodízio drástico ainda é uma opção, afirma diretor da Sabesp 

O diretor metropolitano da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Paulo Massato, disse nesta quarta-feira (25) que ainda não é possível saber se será necessário implementar um "racionamento drástico" de água. “Nós só poderemos dar previsões mais seguras no fim do período de chuvas”, ressaltou pouco antes de prestar esclarecimentos na comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Câmara Municipal de São Paulo, que investiga problemas com o abastecimento de água no estado.

SP: Rodizio drástico ainda é uma opção, afirma diretor da Sabesp - Foto Montagem

Apesar do governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmar veementemente o contrário, os consumidores atendidos pelo Sistema Cantareira, que abastece cerca de seis milhões de pessoas na região metropolitana, enfrentam racionamento, com redução da pressão e interrupção do abastecimento em parte do dia. Com o agravamento do colapso hídrico a Sabesp passou a cogitar um "racionamento escalonado", com alternância de dias com e sem abastecimento.

Segundo Massato, as chuvas acima da média dos últimos dias têm melhorado a situação dos reservatórios. No entanto, enquanto forem utilizadas as reservas técnicas, ou volume morto, a situação é considerada de crise. “Claro que é uma posição muito incômoda ainda trabalhar na reserva técnica”, enfatizou.

O nível do Sistema Cantareira atingiu nesta quarta-feira 10,8% de sua capacidade, no vigésimo dia consecutivo de alta. Segundo a Sabesp, desde o último dia 20, não chovia sobre o Cantareira onde, de terça (24) para quarta-feira, caíram mais 11,3 milímetros (mm), elevando o total captado em fevereiro para 277,8 mm – bem acima da média histórica do mês (199,1 mm).

Seca histórica expõe descaso com à Sabesp

É fato que o sudeste enfrenta uma crise que há décadas não se via. A questão crucial, para além dos fatores climáticos, se concentra no tratamento dado à Sabesp durante os anos de gestão tucana.

A seguir, alguns itens que comprovam o sucateamento da companhia:

-Desperdício de água com a falta de manutenção do encanamento. Mais de 30% da água que sai das represas e segue pela rede de abastecimento até a caixa d’água das casas se perde no trajeto. De acordo com a própria Sabesp a quantidade de água desperdiçada é suficiente para abastecer uma cidade com mais de um milhão de habitantes.

-Há falta de uma política de proteção de áreas de produção de água pela Sabesp, com a construção de sucessivos condomínios de alto padrão nas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Inserir áreas produtoras de água na lógica da especulação imobiliária tem resultado na redução da produção. A perspectiva dos especialistas é contínua perda de vazão, cenário nada adequado para a realidade do Sistema.

-O treinamento de equipes para “educar” a população para o racionamento é irrisório diante do quadro crítico a que se chegou. A Sabesp não possui prática de largo programa de educação ambiental em período de abundância de água. Em período de seca, adotar políticas educativas está mais próximo do desespero administrativo do que ação de planejamento ambiental.

– A Sabesp, sob a tutela do governo tucano, escolheu bater recordes na Bolsa de Nova York em vez de educar seus clientes sobre a natureza limitada dos recursos hídricos. O resultado: ao passo que transformava investimentos necessários para a manutenção do abastecimento em "distribuição de dividendos" milionários, a Sabesp deixou de criar novos sistemas de captação e sobrecarregou o Sistema Cantareira, resultando em um total colapso do Sistema Cantareira, que sobrevive hoje à custa da sua segunda cota do volume morto.

Do Portal Vermelho,
Laís Gouveia, com Agências.