PC da Grécia denuncia acordo do país com a União Europeia

O premiê grego, Alexis Tsipras, se elegeu, recentemente, com o discurso de mudança em relação a política de austeridade até então implantada na Grécia pelo Governo, sob influência dos organismos europeus. A "ajuda" fornecida pela troica – União Europeia (UE), Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional (FMI) –, acabaria neste sábado (28), por isso, a primeira medida do novo mandatário foi negociar a prorrogação do "programa de resgate".

Grécia - Reuters

A "ajuda" europeia tem sido realizada com a condicionante da aplicação de medidas de austeridade. Depois de algumas rodadas de negociações, os ministros de Finanças e de Economia da zona do euro aprovaram na terça-feira (24) a lista de reformas enviada pela Grécia, aceitando a prorrogação do pacote de resgate financeiro ao país por cerca de quatro meses.

A proposta grega prevê cortes de despesas públicas, redução de ministérios, medidas contra evasão e fraude fiscais, além da promessa de não voltar atrás em nenhuma privatização em andamento ou finalizada, diferente do que o Syriza, partido que comanda o governo atualmente, anunciou após as eleições, enfatizando que reverteria a privatização de empresas estratégicas para o país.

Apesar do plano apresentado por Tsipras comtemplar algumas medidas sociais, o acordo com a União Europeia tem despertado muitas discordâncias de setores da esquerda no país, incluindo divergências internas no próprio Syriza.

Algumas destas críticas têm sido realizadas pelo Partido Comunista da Grécia. Em um comunicado divulgado pela organização, a nova aliança com a troica é mostrada como “essencialmente uma extensão dos compromissos já existentes, a continuação da política anti-povo de governos anteriores. Este acordo e a lista de ‘reformas’ incluem todas as medidas negativas para os trabalhadores em um cenário de crise econômica, medidas que ajudaram na recuperação da lucratividade capitalista”.

Os comunistas gregos alertam que mesmo com esta revisão do programa anterior, “os empregados, desempregados, trabalhadores por conta própria, os agricultores e os aposentados pobres continuarão a pagar o preço mais alto de qualquer recuperação através da austeridade".

Ainda segundo o texto divulgado pelo Partido Comunista, “o governo do Syriza apresenta o novo acordo como sendo o resultado da vontade e do apoio popular à política do governo quando, na verdade, tenta enganar e impingir a responsabilidade por compromissos impopulares e acordos com a União Europeia. Tenta manipular o movimento operário e popular para convencer o povo a seguir com os seus sacrifícios e se contentar com migalhas”.

O comunicado ressalta que “a vontade da população é de se livrar das políticas impopulares implementadas e de seus supervisores”. Uma manifestação está sendo organizada e deverá ocorrer em Atenas, nesta sexta-feira (27). “A classe trabalhadora e as pessoas podem acabar com essas medidas de austeridade através da organização de sua luta e da aliança, por um caminho de desenvolvimento diferente que servirá as necessidades populares contemporâneas, com a retirada da União Europeia, o cancelamento unilateral da dívida, socialização dos monopólios e com as pessoas ocupando o poder”.

Do Portal Vermelho,
Tayguara Ribeiro