Igor Augusto: Um pronunciamento lúcido, sincero e esclarecedor

A presidenta Dilma Rousseff não poderia escolher data melhor para fazer seu pronunciamento: no domingo, onde as famílias estão em casa e grande parte delas espera assistir algumas “reportagens” não muito confiáveis do Fantástico e mais: no Dia da Mulher! Em outra ocasião, escrevi falando sobre os ajustes de certa forma danosos e sentidos, sobretudo pelas centrais sindicais que apoiaram Dilma. Mas afinal, que momento é esse enfrentado pelo país?

Por Igor Augusto*

Dilma pronunciamento 8/3 - Reprodução

O Brasil passa por um momento difícil, seria mentira dizer que não. Além dos escândalos envolvendo a Petrobras, nós sentimos no bolso os efeitos de uma crise econômica que iniciou ainda em 2008 e que ainda é sentida mundialmente até hoje. Essa crise econômica, ao contrário do que algumas páginas na internet costumam alardear, principalmente no Facebook, não são uma criação do atual Governo e muito menos do PT. Quando Lula afirmou ainda em seu segundo mandato que a crise chegou Brasil como uma “marolinha”, não mentiu. Ao contrário de alguns países da Europa como a Grécia e a Espanha, nosso país se segurou. No pronunciamento deste domingo, Dilma foi clara “não imaginávamos que iria demorar tanto!”. Nem sendo Nostradamus a gente poderia pensar que tal crise avançaria por tanto tempo.

A crise a América Latina

A América Latina mesmo enfrentando os efeitos da crise, ainda resiste com rigor. O Mercosul desempenha um papel importante nesse sentido, tendo o Brasil na dianteira dessas economias. No ano passado, o bloco que forma os BRICS deu um salto enorme para enfrentar estes efeitos negativos criando um fundo de investimento próprio e independente do FMI. E por falar em FMI, quem foi mesmo que quase vendeu o Brasil para o Fundo Monetário Internacional? A resposta é clara e nem precisa ser escrita.

Diante de todo esse cenário exposto, seria quase infantil achar que o presidente a assumir em 2015, seja Dilma, Aécio, Marina e mesmo os candidatos mais ‘puritanos’ não enfrentariam esses efeitos e mais: arrisco dizer que se Aécio assumisse a Presidência do país, os efeitos dessa crise seriam estarrecedores e afundaríamos de vez como já aconteceu em outros governos antes de 2003. Dilma foi mais do que sincera em reconhecer que o brasileiro em especial as mães e pais de família sentem os efeitos da crise mais do que ninguém. E como enfrentar estes efeitos?

As previsões apocalípticas

Como disse antes, quem assumisse a cadeira presidencial teria enormes desafios. No período eleitoral, Dilma se comprometeu em defender os direitos dos trabalhadores. No início do ano, as Medidas Provisórias que alteram a concessão de alguns benefícios surpreenderam a todos e inclusive cheguei a escrever sobre. Porém, não podemos deixar de reconhecer que desde 2003 o trabalhador percebe um aumento real no salário mínimo, aumento que não foi alterado em nada pelo atual mandato de Dilma.

As previsões apocalípticas feitas pela oposição também abordadas com muita clareza no pronunciamento. É necessário direcionar os gastos do governo de forma correta e concisa e dessa forma evitar “quebras” gigantescas em nossa economia causadas pela crise econômica. O Partido da Imprensa Golpista conhecido como PIG, é infeliz quando tenta mostrar para a população que o desemprego está em níveis grandiosos! Ora, passamos pelas menores taxas de desemprego desde o primeiro mandado de Lula e isso deve ser reconhecido.

Os desafios

Dilma Rousseff convida todos nós brasileiros a enfrentarmos a crise juntos e acrescento: além de enfrentarmos essa crise juntos, temos que ter confiança, paciência e claro, nos munir de informações para não cair nas ciladas e mentiras que a todo o momento são bombardeadas na internet e na mídia.

Além de nos munir de informações é preciso que todos nós saibamos da importância que instituições como a Petrobras têm para nós. Em outros tempos, a exemplo da Vale, por muito pouco a nossa principal estatal foi entregue aos interesses estrangeiros. A corrupção no Brasil não foi uma invenção do PT e nem iniciou com o PSDB. As pessoas envolvidas neste escândalo merecem ampla defesa e punição caso forem condenadas, porém a Petrobras é maior do que qualquer esquema que tente destruí-la, pois além ser estratégica para a nossa economia, ela é um bem meu e de você que lê este texto.

Não caia em um discurso golpista pregado pela grande mídia e pela oposição que pede de forma imbecil o impeachment da presidenta. A democracia precisa e deve ser respeitada. No dia 13 de março, os movimentos sociais do Brasil sairão às ruas para defender a democracia, a Petrobras e, sobretudo por Reforma Política. É através dessa Reforma considerada a mãe de todas as reformas que o Brasil vai conseguir diminuir os escândalos que envolvem políticos e grandes empresas. É assim que vamos mudar o Brasil e construir juntos o governo que queremos.

No dia 13 de março todas e todos às ruas em defesa do Brasil, da democracia, contra o golpismo da direita e pela Reforma Política!

*É da comunicação da UJS Pará da direção do PCdoB de Belém.