O ódio de classe na sua fase mais perigosa

Pelo menos duas manifestações nos deixaram perplexos nos últimos dias. A pretexto de querer "divertir", o cartunista Caruso publicou charge de O Globo com um fundamentalista prestes a decapitar a presidente Dilma, detalhe: comemorava-se em todo o mundo o Dia Internacional da Mulher.

O juiz federal de Monte Carlos (MG), Alexandre Infante, também quis fazer "piada" na sua conta no Twitter: “Dilma disse que vai sancionar amanhã a Lei do Feminicídio. Legislando em causa própria?”.

Nos dois casos, internautas de diversos locais do país, inclusive fãs do cartunista, repudiaram o despautério. Nada explica tal comportamento a não ser um sentimento que anda em voga entre os mais ricos no país: o ódio.

"Surgiu um fenômeno nunca visto antes no Brasil, um ódio coletivo da classe alta, dos ricos, a um partido e a um presidente", diz o jornalista Juca Kfouri no artigo "O panelaço da barriga cheia e do ódio", uma rara voz destoante na chamada grande imprensa.

Pode-se querer amenizar as duas manifestações, mas a coisa é muito séria quando analisada sobre o contexto político. O que está por trás de tudo isso é a tentativa golpista de retirar um governo legítimo do poder. Estamos lidando com um sentimento destrutivo, sem limites.

Sigmund Freud, por exemplo, diz que "ódio é um estado do ego que procura realizar-se pela destruição do ser odiado". Portanto, urge que as forças democráticas e progressistas deste país despertem para defender o que nos é mais valoroso: o respeito a vontade popular.

De Brasília,
Iram Alfaia