PCdoB-CE: Comitê Estadual em defesa do Brasil e da democracia
Reunidos neste final de semana, nos dias 14 e 15 de março, os membros do Comitê Estadual do PCdoB-CE tiveram como pauta o quadro político atual tanto no cenário nacional quanto no Ceará. Ao longo do debate, os dirigentes que se manifestaram foram unânimes no sentido de apoiar o atual governo da presidenta Dilma e, acima de tudo, defender a democracia, os direitos dos trabalhadores e o Brasil.
Publicado 16/03/2015 13:02 | Editado 04/03/2020 16:26
Luis Carlos Paes, presidente estadual do PCdoB-CE, fez a abertura do encontro no sábado (14/03) destacando que, no quadro nacional, o momento é de agravamento da tensão política numa conjuntura complexa. “Dilma ainda não teve paz, mesmo depois da posse. O que se vê é a continuidade da campanha eleitoral pelas forças que não aceitaram a decisão do povo e não se conformam com a quarta derrota seguida. No período eleitoral, víamos duas propostas disputando o voto dos eleitores. Terminada a eleição, a campanha da direita golpista continua e se acentua com a intensa atividade da oposição no parlamento, principalmente na mídia e agora também nas ruas com manifestações deste domingo”, destaca.
O dirigente comunista alerta que a fase delicada pela qual o país vive “acontece num momento em que a economia mundial continua em grandes dificuldades”. “Desde o início da crise de 2008, que até aqui aniquilou cerca de 50 milhões de empregos no mundo e tem como responsável o modelo de acumulação neoliberal, os países, principalmente na Europa, amargam um longo período de estagnação e sem previsão de saída a curto prazo. A lenta recuperação dos Estados Unidos, que ainda não alcançaram o nível de emprego de 2007, o arrefecimento nas economias em desenvolvimento , como as da Rússia e da China, não nos permitem vislumbrar bons ventos na economia mundial. Muito pelo contrario”, pondera.
Por outro lado, segundo Paes, o imperialismo norte-americano impõe uma política mais agressiva na América Latina, numa tentativa de desestabilizar governos democráticos que buscam projetos nacionais de desenvolvimento de forma independente e contrários aos seus interesses na região. “Venezuela, Argentina e Brasil, países chaves na América Latina, vêm sofrendo esses ataques. É disso também que estamos tratando: da escalada imperialista contra os países que se colocam contra seu domínio”.
Internamente, reafirma e enfatiza Paes, setores econômicos, sociais e políticos aliados do capital rentista fazem o jogo do império e tentam desestabilizar o governo da presidenta Dilma. “A novidade é a entrada de um ingrediente novo e determinante no cardápio político com a retomada das manifestações de rua, primeiramente com as mulheres no dia 8 de março e, em especial, os atos da última sexta-feira 13 em todo o País. São manifestações alvissareiras, quando os movimentos sociais deram o primeiro passo no sentido de uma contraofensiva de massas, visando deter a escalada golpista. Em um dia útil, com pouco tempo de preparação, milhares de trabalhadores, jovens e lideranças dos mais diversos movimentos sociais se mobilizaram em todo o país, sinalizando que não aceitam a quebra da legalidade institucional e o retrocesso político”.
Luis Carlos Paes considera que as iniciativas da presidenta Dilma neste segundo governo priorizaram a tentativa de arrefecer o clima de disputa: manobrou politicamente na composição de seu ministério e efetuou um recuo tático, promovendo medidas de ajuste econômico visando recuperar a confiança do mercado. “O problema é que tais medidas objetivamente contradizem o seu discurso durante a campanha. Dilma, sob a pressão da direita e da mídia, recua e as suas primeiras medidas vão na direção da agenda conservadora derrotada nas urnas. Acreditamos que significam um recuo temporário, que a presidenta busca criar condições políticas para retomar em seguida a sua política desenvolvimentista”.
Mas o presidente do PCdoB pondera: “Será que não existia outra alternativa? Como o Partido deve se comportar neste quadro? As medidas anunciadas causam grande impacto econômico, social e político. Considero que poderia ter adotado outro método, com maior envolvimento da sociedade que poderiam redundar em projetos com outro conteúdo. Não houve discussão. E as primeiras medidas penalizam objetivamente os trabalhadores” pondera.
Com a situação difícil, acrescenta Paes, com o recuo na política desenvolvimentista e medidas da agenda derrotada sem o devido debate com a sociedade acerca dos caminhos a seguir, muitos brasileiros estão “revoltados”. “Não é à toa a queda de sua popularidade. Estamos numa situação complicada, sob o cerco da direita que, se vitoriosa, aplicaria medidas ainda mais duras contra o país e os trabalhadores, não tendo, portanto, moral política para criticar o governo, a não ser pelo cinismo que a caracteriza”.
PCdoB: Papel preponderante
Diante deste cenário delicado o dirigente comunista destaca que o PCdoB pode assumir destacado papel. “Camaradas, temos uma tarefa muito grande a cumprir. Acumulamos grande experiência nos nossos 93 anos de existência o que nos permite examinar a situação com a devida responsabilidade. Mesmo com as dificuldades originadas em medidas políticas e econômicas erradas, não podemos contribuir para aumentar as dificuldades do governo e sim ajudá-lo a ultrapassar este momento de dificuldades e que possamos caminhar no sentido das reformas estruturais necessárias a retomada do crescimento. Se o governo já tem a pressão do mercado, da base conservadora, da mídia e agora das camadas mais altas da sociedade que vão às ruas é fundamental a contrapressão popular. É preciso ir para as ruas defender as reformas, os direitos dos trabalhadores, a democracia e o governo da presidenta Dilma. Esse é o jogo: fazer a contrapressão do lado de cá, propor medidas, fazer o debate senão perderemos a partida. Precisamos ampliar ainda mais a nossa presença no jogo”, defende.
Segundo o dirigente comunista, esta é a oportunidade de influenciar com nossas ideias e conquistar parcelas importantes do povo para nossas propostas. “Devemos reforçar nossa atuação no campo dos movimentos sociais, reunir a militância, realizar plenárias, debater com a turma do movimento sindical e da juventude, politizar o debate. O centro de nossa ação deve buscar articular, de forma ampla, atividades conjuntas que visem mobilizar o povo nas ruas”, reforça.
Apesar da crise, Paes considera este um período fecundo. “Vivemos um momento de tensão política, mas são nessas horas que o PCdoB se destaca. O Partido tem um papel a cumprir: esclarecer a opinião pública, recompor a militância, articular os partidos da própria base aliada buscando reunir forças para que possamos, juntos, barrar a ofensiva conservadora. É fundamental ter consciência do momento de dificuldade, da necessidade de reforçar o governo Dilma, fazer a luta pelas mudanças e fortalecer os movimentos sociais, sempre com o foco na defesa das reformas e do governo”.
O encontro do Comitê Estadual do PCdoB-CE continuou no domingo (15/03), com os debates voltados para o cenário estadual, com intervenções dos deputados estaduais Augusta Brito e Carlos Felipe e dos quadros que atuam na gestão estadual.
De Fortaleza,
Carolina Campos