Os ecos de uma marcha que ressoaram em toda a Argentina    

Ainda hoje ressoam os ecos de grandes marchas que fizeram vibrar esta capital e muitas outras cidades da Argentina para repudiar o sangrento golpe militar de 1976 com um rotundo "Nunca Mais".

 

 

Argentina entrega atas da ditadura para Mães da Praça de Maio - Reprodução

As organizações Mães e Avós da Praça de Maio, Familiares e Filhos lideraram a marcha na capital que levou como emblema a bandeira com as fotografias dos desaparecidos. É uma faixa de 250 metros de comprimento com as fotos dos 30 mil desaparecidos sobre um fundo azul.

Estiveram acompanhadas por múltiplos agrupamentos, sindicatos e movimentos, a grande maioria que apoia o Governo e outras de alguns setores da esquerda opositora. O centro de Buenos Aires vibrou com a gigantesca multidão.

"Mães da Praça, o povo as abraça", gritaram milhares de vozes ao passar muito lentamente pelas octogenárias em um ônibus aberto entre a multidão compacta ao longo da Avenida de Maio, em reconhecimento a sua incessante e incansável busca de seus filhos.

Teve tanta gente que muitas colunas se estenderam por mais de um quilômetro da Praça de Maio.

Neste Dia da Memória pela Verdade e pela Justiça muitos familiares e amigos dos desaparecidos, a quem foi prestada homenagem, marcharam com cartazes nos quais estavam as fotos de seus entes queridos.

A líder do movimento Avós, Estela de Carlotto, dirigiu-se à multidão que conseguiu reunir-se na praça em frente à Casa Rosada, e nos arredores, e leu um comunicado.

Entre outros pontos, o documento reivindicou ao Poder Judicial o fim da impunidade para os civis que foram cúmplices ou participaram nos crimes do terrorismo de Estado, uma petição vinculada a recentes sentenças que beneficiaram vários empresários.

O documento reconheceu as políticas públicas de impulso pelos direitos humanos dos governos de Néstor Kirchner e Cristina Kirchner e celebrou que mais netos tenham conseguido recuperar sua identidade.

Para ilustrar tal reconhecimento, assinalou que há 39 anos do golpe, já são quase 600 os genocidas condenados e quase 900 os processados. "Faltam muitos mais e não podemos continuar esperando", enfatizou.

Estela de Carlotto convocou para o dia 24 de março do próximo ano uma única marcha com os setores políticos unidos para comemorar o Dia da Memória.

"Deve ser assim porque a democracia fazemos entre todos", declarou.

Fonte: Prensa Latina