EUA tentaram derrubar Dilma temendo fortalecimento do Brics

Washington não se importa com os interesses das economias emergentes, considerando-as como “repúblicas das bananas”, mas já agora os institutos do Brics ameaçam seriamente a hegemonia do dólar, opina um historiador estadunidense.

Líderes dos cinco países que compõem o Brics

O fortalecimento de institutos alternativos ao Sistema Bretton Woods de gerenciamento econômico internacional era previsível; o Banco de Desenvolvimento do Brics e o Banco Asiático de investimentos em Infraestrutura (AIIB, na sigla em inglês) não podiam aguentar por muito tempo a falta de vontade por parte de Washington de rever o status quo na economia mundial, acha o historiador norte-americano William Engdahl.

Na cúpula do Brics em Fortaleza, nota o especialista, os líderes dos cinco países criticaram duramente a política do Fundo Monetário Internacional (FMI), nomeadamente o fato de frear o programa de reformas acordado ainda em 2010.

A ausência de mudanças põe em questão a legitimidade, reduz a confiança em relação ao FMI e prejudica sua eficácia. Os líderes do Brics propuseram dobrar a reserva monetária do FMI em troca de aumento das quotas da China, Índia, Rússia, Brasil e outros países.

“O fato de a França, com seus US$ 3 trilhões de PIB, ou a Bélgica, com US$ 500 bilhões, terem muito mais quotas na votação na direção do FMI do que a China, cujo PIB é cerca de US$ 10 bilhões, é absurdo, o que os líderes do Brics já manifestaram …”, disse Engdahl à agência Sputnik.

O historiador também frisa que o Congresso dos EUA recusou rever o status do Sistema Bretton Woods, liderado por Washington, e bloqueou as reformas.

A China e uma série de outros países não podiam se resignar a tal situação e decidiram criar uma nova arquitetura financeira global, com o AIIB no centro da nova estrutura, afirma Engdahl. A resposta de Washington, nomeadamente a recusa de cooperar com o banco e o apelo aos aliados ocidentais para ignorarem o novo instituto financeiro, mostra a incapacidade das elites norte-americanas de avaliar a situação de maneira adequada. Washington literalmente “deu um tiro em ambos as pés” quando escolheu o caminho de oposição dura à iniciativa de Pequim porque a maioria dos seus aliados resolveu juntar-se ao banco, que se opõe aos institutos obsoletos do Sistema Bretton Woods.

“Quando o Brics começaram a pretender ao papel do jogador global independente, Washington tentou jogar a antiga carta – organizar uma ‘boa velha revolução colorida’ contra a presidente do Brasil Dilma Rousseff. Mas este método já não funciona como antes”, frisa o especialista.

Em todo o caso, opina ele, são precisamente o Banco Asiático de investimentos em Infraestrutura e o Banco de Desenvolvimento do Brics que mais ameaçam o controle de Washington sobre os fluxos financeiros através do sistema do dólar e os institutos financeiros criados ainda em meados do século passado.

Fonte: Agência Sputnik