Oposição golpista e mídia admitem: Impeachment foi derrotado
A direita golpista, com apoio da grande mídia, tentou, mas as manifestações deste domingo (12) não atingiram a dimensão que eles planejavam. Tanto os jornais como as emissoras de TV e rádio reconheceram que o número de participantes foi muito menor e, principalmente, admitiram que a bandeira do impeachment não colou.
Por Dayane Santos, do Portal Vermelho
Publicado 13/04/2015 12:57

Como juridicamente não há fatos que possam levar a tal procedimento – o STF já afirmou não haver nenhum indício do envolvimento da presidenta Dilma Rousseff em qualquer caso de corrupção – e politicamente não existe espaço, a oposição tucana e a mídia buscaram tentar construir o caminho do golpe pelas ruas. Deram com burros n’água.
Como aconteceu em 15 de março último, a mídia aderiu à tese golpista e seguiu o mesmo roteiro com entradas ao vivo de diversos estados durante toda a programação de domingo para passar a ideia de uma manifestação “espontânea” e de “clima familiar”. Resultado do inconformismo com a derrota nas urnas, a oposição tentava emplacar um terceiro turno a todo custo.
Além da bandeira do impeachment, o ato pedia a intervenção militar e o fim do PT. Na Avenida Paulista, dos 14 trios elétricos, três faziam a defesa da intervenção militar. Com esse caráter antidemocrático o resultado foi que a mobilização murchou.
Esse esvaziamento fez com que, oportunisticamente, nem mesmo os tucanos dessem as caras.
Descolados da realidade
![]() |
Manifestantes em São Paulo ficaram frustrados ao encontrar uma loja do Starbucks fechada por falta d’água. |
Com a tese de impeachment cada vez mais enfraquecida os tucanos resolveram não aparecer, o que foi considerado por seus aliados como um gesto de arrego. O colunista Ricardo Noblat, em sua coluna online, publicada na madrugada desta segunda-feira (13), lamentou: “Movimento algum se mantém aceso à falta de quem o dirija. Nem aqui nem em parte alguma”. O colunista completou afirmando o que já sabemos há muito tempo: “O PSDB quer o povo a reboque. A seu lado, não. Dá urticária. No máximo, admite cavalgá-lo”.
Insuflados pelos tucanos, os movimentos cuja principal bandeira é extinguir o PT, como o Vem pra Rua, do empresário Rogério Chequer, e o Movimento Brasil Livre, de Kim Kataguiri, também choraram as pitangas, dizendo que “Aécio sumiu”. Esta reclamação é recorrente contra o presidente nacional do PSDB. O músico Lobão, que também anda sumido, chegou a dizer que estava “pagando de otário”, por conta da ausência de Aécio em atos realizados pouco depois do segundo turno das eleições.
Vale ressaltar que a pesquisa Datafolha apontou que uma em cada dez pessoas presentes no ato foram para protestar contra o PT, sendo que 83% dos participantes declaram ter votado em Aécio Neves (PSDB) e apenas 3% em Dilma.
Corrupção
Diferentemente da palavra de ordem dos líderes que defendem o golpe pelo impeachment, o motivo mais citado pelos participantes foi indignação com a corrupção, apontado por 33% dos entrevistados.
Outro dado apontado pela pesquisa é que 86% preferem a democracia a uma ditadura, regime que é apoiado por 9% dos que estiveram na Paulista. Para 3%, tanto faz democracia ou ditadura.
Papel das forças progressistas
Mas não devemos atribuir o resultado minguado deste ato somente a oposição golpista. As forças progressistas, principalmente os movimentos sociais, desmascararam a tese da grande mídia de “manifestações espontâneas” e defesa do Brasil.
Além disso, a presidenta Dilma e seus ministros travaram com um pouco mais de eficiência a batalha da comunicação. Dilma, particularmente, saiu em defesa do direito de livre manifestação e reafirmou que a indignação com a corrupção era um sentimento legítimo. Mas não deixou de afirmar que a corrupção era “uma velha senhora” e denunciar o intento da oposição de transformar o ato em um terceiro turno. Dilma também reafirmou seu compromisso com a apuração dos fatos, a punição dos culpados e a defesa da Petrobras.
Desta vez não foi diferente. “O governo encara com naturalidade as manifestações, são naturais num país democrático como o Brasil. Teve menos gente nas ruas hoje [domingo], mas são manifestações representativas e legítimas”, disse o ministro Edinho Silva, da Secretaria de Comunicação Social.
O ministro destacou que as manifestações expressam um desejo da população por mudanças nos rumos da política. “Existe um descontentamento geral com a política e isto acaba se voltando contra a figura central da República”, salientou.
O vice-presidente e responsável pela articulação política do governo, Michel Temer (PMDB-SP), também destacou que o fato de ter “menos gente nas ruas não significa que os eventos não foram importantes”. Para ele, o governo "tem de estar atento à mensagem que vem das ruas”.
Outros desafios
Essa foi apenas uma etapa da batalha. Fortalecer o campo progressista e buscar a unidade em torno de bandeiras são algumas das tarefas postas.
Nesse intuito, as centrais sindicais e movimentos sociais prometem ocupar as ruas na próxima quarta-feira (15) contra o projeto de terceirização, aprovado pela Câmara dos Deputados, em defesa dos direitos sociais e trabalhistas e do mandato da presidenta Dilma. Será mais um passo importante no fortalecimento de uma agenda pautada na defesa e da democracia e pela retomada do desenvolvimento nacional.