Bandung, seis décadas de um ponto de partida

Histórico ponto de partida do Terceiro Mundo, a Conferência Afro-asiática de Bandung, em 1955, cujo espírito se aspira preservar na comemoração do seu 60º aniversário, também foi a semente germinadora do Movimento dos Países Não-Alinhados (Mnoal).

Conferência de Bandung

Diferentemente dos 29 estados, das duas regiões, que participaram daquela conferência na antiga capital da Indonésia, seis décadas depois, o governo anfitrião, convocou uma cúpula e desta vez 86 nações estão representadas.

A iniciativa original partiu dos cinco primeiros países descolonizados na Ásia: Indonésia, Índia, Paquistão, Ceilão (Sri Lanka) e da Birmânia (Myanmar). Eles conseguiram reunir mais 24 países, incluindo apenas seis africanos, os únicos que estavam fora do mapa colonial naquela ocasião.

Essa reunião deu início ao protagonismo das nações emergentes na cena internacional, num contexto caracterizado pela permanência do sistema colonial em vastas áreas do mundo e o confronto entre duas superpotências.

Em consequência, foi unânime a condenação ao colonialismo, ainda dominando boa parte da África, e ao sistema racista do apartheid, na África do Sul. Foi um chamado ao mundo para que cooperasse na luta contra o subdesenvolvimento e a pobreza.

Sobre as relações entre estados, foram adotados cinco pontos concebidos pelo presidente indonésio, Ahmed Sukarno, e popularizados pelo primeiro-ministro indiano, Jawaharlal Nehru, que viriam a tornar-se as ideias-chave do Mnoal, surgido em 1961.

Os pontos foram: o respeito pela soberania e integridade territorial, a igualdade entre raças e nações, não agressão, não-interferência nos assuntos internos de cada país e a coexistência pacífica.

Com um olho para a iminência do Mnoal, em Bandung foi elaborada uma declaração de 12 princípios, que também incluem o respeito pelos direitos humanos fundamentais e pela Carta das Nações Unidas, o direito de cada nação de se defender sozinha ou em cooperação com outros Estados.

Também foi debatido o direito de se abster da participação em acordos de defesa coletivos (referindo-se às grandes potências), de exercer pressão sobre outros países, assim como de não praticar atos ou ameaças de agressão.

A reunião colocou ênfase na promoção do interesse mútuo e da cooperação, do respeito pela justiça e pelas obrigações internacionais.

Em 2005, foi realizada a cúpula de meio século de Bandung, lançando o que foi descrito como a nova parceria estratégica da Ásia e da África como um novo espírito político cujo objetivo foi reforçar a cooperação Sul-Sul entre os dois continentes em busca de uma vida melhor.

Ela foi concebida com o intuito de abranger três áreas: desenvolvimento político, econômico e cultural.

A atual cúpula, com a presença confirmada de 32 chefes de Estado e de governo, mais uma vez se debruçará sobre as etapas do projeto inicial e também contará com um fórum de negócios com cerca de 400 participantes.

Fonte: Prensa Latina