Artes plásticas: Fortaleza recebe exposição de Joan Miró

Obras de Miró presentes na exposição: ao todo são 69 pinturas e gravuras e 23 fotos, feitas pelo colecionador Alfredo Melgar, que foi amigo e galerista do artista espanhol; mostra já passou por São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Salvador.

O universo onírico do pintor e escultor espanhol Joan Miró (1893-1983) tem como principal característica o colorido e a leveza das criações, marcadas por detalhes feitos a partir de traços precisos e leves que, ao mesmo tempo, parecem contar histórias ou poemas. O traço reflete a relação do artista com o surrealismo – entre os movimentos de vanguarda, foi o que mais dialogou com a literatura. Em suas obras/poemas, o artista visual demonstra que soube explorar, como poucos, os ensinamentos da escola de retratar o inconsciente, o sonho.

Essa faceta de um dos mais significativos representantes do surrealismo mundial pode ser conferida na exposição "A Magia de Miró", aberta ao público a partir da próxima quarta-feira (29/04), na Caixa Cultural Fortaleza (galerias 1 e 2, no segundo andar). Composta por 69 trabalhos e 23 fotografias em preto e branco, a exposição permanece até 21 de junho.

"São gravuras, aquarelas e desenhos", explica Phill Gomes, produtor da mostra, que, depois de ser apreciada pelo público fortalezense, seguirá para Brasília e Vitória, terminando a itinerância, iniciada em fevereiro do ano passado.

Pedaços de papel

O caráter íntimo da mostra dá-se tanto pela coleção de fotografias do artista em seu ateliê – feitas pelo colecionador Alfredo Melgar, que também foi galerista de Miró – quanto pelo fato de as obras selecionadas enfatizarem uma vertente particular do trabalho do espanhol.

"São obras que Melgar começou a guardar", revela Phill Gomes, completando que as criações têm como foco a intimidade do dia a dia do artista. Uma delas reúne todos os papéis que caíam nas mãos de Miró, usados como suporte para seus desenhos.

Phill Gomes conta que artista "desenhava em pedaços de cortiça, papel de parede, presente ou em correspondência". Segundo ele, a exposição é ambientada nessa atmosfera, ao traduzir a amizade entre o artista e o curador. "São desenhos em diversos papéis", diz, além de gravuras e aquarelas (Miró trabalhou ainda com cerâmica).

"A Magia de Miró" aterrissa em Fortaleza depois de passar pelas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Recife e Salvador. As obras foram criadas entre 1960 até o ano de sua morte, 1983. "Alguns dos desenhos são esboços ou notas, peças únicas, muitas delas realizadas em papel, com desenhos em várias superfícies, como lixa e papelão, feitos com lápis e giz de cera ao longo dos últimos cinco anos de sua vida", comenta Gomes.

Surrealismo

Miró foi um pintor acadêmico, mas que logo se encantou pela liberdade prometida pela arte moderna, sendo contagiado pelos movimentos de vanguarda que sacudiam a Europa na virada do século XIX para o século XX.

Começou os estudos na Real Academia Catalã de Belas Artes. Ao concluir, viajou para Paris, na época considerada a capital mundial das artes. Lá, conhece Pablo Picasso, entrando em contato com as ideias modernistas, através do dadaísmo e do fauvismo.

Mas foi o surrealismo o movimento com o qual sua arte buscou identificação. O artista conheceu um dos "pais" do movimento, André Breton. Detentor de estilo próprio, Miró criou dentro do surrealismo um nicho com identidade e qualidade inconfundíveis.

Os brancos na sua obra não acontecem por acaso, parecem convidar os espectadores a participar também de suas criações que misturam literatura, formas e cores.

Serviço

Exposição "A Magia de Miró". A partir de quarta (29) até 21 de junho, na Galeria da Caixa Cultural Fortaleza (Av. Pessoa Anta, 287, Praia de Iracema). Visitação: de terça a sábado, das 10h às 20h; domingo, das 10h às 19h. Contato: (85) 3453.2770

Fonte: Diário do Nordeste