Movimentos sociais fazem escracho em sede da Rede Globo

Centenas de militantes de movimentos sociais marcharam em direção à sede da Rede Globo, na capital paulista, neste domingo (26), para repudiar os 50 anos da emissora. Em outras capitais também aconteceram manifestações.

Manifestação contra a Globo - UJS

Por volta das 15 horas os manifestantes começaram a se reunir na praça General Gentil Falcão, zona sul da capital paulista, nas proximidades da sede da emissora. “Meus filhos assistem TV e eles assistem a Globo, mas precisam saber, desde cedo, que a Globo manipula e que poderíamos ser um país melhor sem ela”, declarou Edson Vargas, que chegou de bicicleta de Ribeirão Pires, na região do ABCD paulista, com os dois filhos, de 12 e 10 anos, somente para participar da manifestação.

Durante toda a última semana, sob o comando do editor do Jornal Nacional, William Bonner, a Globo fez uma retrospectiva do jornalismo da emissora nos últimos 50 anos. “Foi uma piada”, atacou Altamiro Borges, jornalista e coordenador do Centro de Estudos da Mídia Barão de Itararé, que comparou a emissora carioca a um “assassino”.

“Eles te matam e depois pedem desculpas à família. Do que adianta? O caos já está feito. Se a Globo não manipula o debate de 1989, onde o Brasil estaria hoje? Sem o apoio da Globo ao golpe militar de 1964, onde o Brasil estaria hoje?”, disse, referindo-se ao debate presidencial entre os então candidatos Lula e Fernando Collor. A própria emissora, por meio de alguns de seus executivos à época, já admitiu ter editado trechos do debate para favorecer a candidatura de Collor.
Comum entre os manifestantes era a lembrança de que a emissora, durante seus 50 anos, foi responsável pela criminalização e inviabilização de diversos movimentos sociais.

“Na Globo, nós, os movimentos sociais, sempre somos tratados como ‘vândalos’, nossos atos estão sempre vazios e os discursos são manipulados pelos repórteres deles”, lembrou Jussara Basso, da coordenação nacional do MTST. “Como concessão pública, eles deveriam transmitir ao povo o que está acontecendo, eles devem satisfação ao povo, mas mentem e não são cobrados por isso.”

Tinta vermelha

Já na entrada principal da Rede Globo, os manifestantes picharam no muro algumas mensagens: “Assassina”, “Globo Mente” e “Globo Golpista”. Durante o protesto, algumas palavras de ordem foram gritadas e quatro balões com tintas vermelhas foram arremessados contra o muro.

Ainda na frente da emissora, os manifestantes sentaram no chão e acompanharam o vídeo do direito de resposta que o ex-governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, conseguiu na Justiça e que foi lido ao vivo, na Globo, por Cid Moreira – um momento histórico da TV brasileira e marco da resistência ao autoritarismo da “vênus platinada”.

Atos em outras capitais

Em Brasília mais de 500 pessoas também participaram do ato de escracho à Rede Globo que aconteceu em frente à sede da emissora. Os manifestantes, assim como na capital paulista, jogaram tinta vermelha no prédio, em referência ao “sangue de brasileiros derramado durante a ditadura militar”, apoiada pelo grupo de Roberto Marinho.

No Rio Grande do Sul o escracho aconteceu não só na capital Porto Alegre, mas também em diversas cidades do interior, entre elas Bagé, Caxias do Sul, Erechim, Pelotas, Passo Fundo, Santa Maria, Santa Cruz e Santa Rosa. A filial gaúcha da Rede Globo foi denunciada na Operação Selotes, da Polícia Federal, que investiga manobras de sonegação de impostos.

Em Belo Horizonte os manifestantes também fizeram uma passeata até a sede da emissora com bandeiras e palavras de ordem.

Entre as entidades que organizaram os atos pelo Brasil estão UNE, MST, MTST, UJS, CUT e Barão de Itararé.

Do Portal Vermelho, com agências