Aprovada primeira MP do ajuste fiscal por 252 votos contra 227

A Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira (6), o texto base da medida provisória 665/14, que muda as regras de concessão do seguro-desemprego, do abono salarial e do seguro-defeso para o pescador profissional, medidas que fazem parte do ajuste fiscal proposto pelo Governo. Depois da aprovação do texto base, dois destaques da oposição foram derrotados. Demais pontos do ajuste fiscal bem como outros destaques à MP 665 voltam à pauta nesta quinta-feira.

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A proposta era considerada fundamental para a governabilidade da presidenta Dilma e por conta disso a oposição foi virulenta e proporcionou um show de demagogia. Veteranos inimigos dos trabalhadores, do DEM e do PSDB se revezavam na tribuna em apaixonados discursos em “favor” dos trabalhadores. Notórios defensores dos empresários enchiam a boca para falar em “direitos retirados” e até parlamentares ligados ao mercado financeiro de repente se mostraram preocupados com “os mais humildes”. Nas galerias, pessoas ligadas à Força Sindical, a mesma central que traiu os trabalhadores e apoiou o que pode ser o maior retrocesso nos direitos trabalhistas dos últimos 70 anos, a terceirização, apupou os parlamentares que declaravam apoio ao governo.

PCdoB: Confiança no Governo Dilma

A líder do PCdoB, Jandira Feghali, ao encaminhar a votação favorável em nome da bancada comunista, destacou que o Partido tem compromisso com o projeto mudancista iniciado pelo governo Lula em 2003. Destacou ainda que o parlamento fez modificações que melhoraram o texto original da MP. Jandira lembrou que não se deve julgar o governo Dilma por seu início, e reiterou sua confiança em que ao final Dilma terá feito um governo que traga ganhos reais aos trabalhadores. Jandira também anunciou que acionará na justiça o deputado pelo Distrito Federal, Alberto Fraga, por apologia à violência de gênero.

“Mulher tem que apanhar como homem”

O discurso de ódio da oposição tomou conta do plenário e chegou ao ápice quando o conhecido trânsfuga Roberto Freire, transtornado, deu dois tapas nas costas do deputado Orlando Silva (PCdoB-RJ) que usava da palavra. A líder da bancada dos comunistas, Jandira Feghali, intercedeu e teve seu braço puxado com força pelo parlamentar do PPS. Indignados, vários parlamentares protestaram. Mas Alberto Fraga, que é oficial da PM e conhecido membro da bancada da bala, defendeu Freire e disse que “mulher que briga como homem tem que apanhar como homem”. Portando-se como um moleque de rua, Fraga chamou ainda para “resolver lá fora” quem o criticou pela frase. Ao final, Roberto Freira se desculpou. Da tribuna Jandira aceitou as desculpas e além de anunciar que buscará a justiça contra Fraga, lembrou ao parlamentar do DEM que o PCdoB foi o Partido da Guerrilha do Araguaia, e não iria se intimidar com as ameaças de um delegado.

Sobre as agressões em plenário

A líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali postou em sua página na rede social Facebook uma declaração sobre as agressões de deputados em plenário e as medidas que tomará.

"Parece que as noites na Câmara não tem como piorar nesta Legislatura. Sim, fui agredida fisicamente pelo deputado Roberto Freire durante discussão da medida provisória 665 agora pouco. Pegou meu braço com força e o jogou para trás. O deputado Alberto Fraga, NÃO SATISFEITO com a violência flagrada, disse que "quem bate como homem deve apanhar como homem" na minha direção. Fazia menção a mim.

É assustador o que está acontecendo nesta Casa. Em trinta anos de vida pública jamais passei por tal situação. Em seis mandatos como deputada federal, onde liderei a bancada do PCdoB por duas vezes e enfrentei diversos embates, jamais fui sujeitada à violência física ou incitação à violência contra mulher. Muitas foram as frentes de debate político aqui dentro. Parece irônico a mulher que escreveu o texto em vigor da Lei Maria da Penha seja vítima de um crime como este.

Vou acionar judicialmente o senhor Fraga pela apologia inaceitável. Esta medida já está sendo encaminhada. Minha trajetória é reta, ética e coerente dentro da política desde quando me tornei uma pessoa pública, na década de 80. Não baixarei a cabeça para nenhum machista violento que acha correto destilar seu ódio. A Justiça cuidará disto. E ela, sim, pesará sua mão".

Portal Vermelho