Encontro da CTB debate igualdade de gênero 

Um amplo debate sobre Reforma Política, Democracia, Poder e Igualdade para as Mulheres envolveu trabalhadoras e trabalhadores sergipanos durante o 2º Encontro das Mulheres da CTB Sergipe, realizado nesta sexta-feira (15), no auditório do Sindicato dos Bancários de Sergipe (Seeb/SE).

Encontro da CTB debate igualdade de gênero - ctb

Mulheres e homens do campo e da cidade, lideranças sindicais e parlamentares participaram do encontro. Edival Góes, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil no Estado (CTB/SE) disse que ainda é irrelevante a participação da mulher urbana no movimento sindical, resultado de uma política machista enfronhada nas entidades, apesar de reconhecer que houve um crescimento substancial nos últimos anos.

Dados do Pnad do IBGE, referente aos anos de 2005 e 2011, comprovam isso. A participação da mulher nos sindicatos aumentou de 14,8% para 16,2%, enquanto a presença de homens nas entidades sindicais permaneceu estável. “É necessário romper essa barreira. Defendo um investimento na politização das mulheres. Elas são maioria da população e precisam ser também maioria nos cargos em órgãos públicos, no Legislativo e nos sindicatos”, salientou.

Realidade

Durante o encontro, Ivânia Pereira, secretária Nacional da Mulher Trabalhadora da CTB e presidente do Sindicato dos Bancários de Sergipe (Seeb/SE), fez um retrospecto sobre a evolução da sociedade, o surgimento da propriedade privada, o início do processo de dominação, inclusive, das mulheres, a monogamia e a opressão de classes que está profundamente interligada à opressão de sexo ao longo da história.

“A mulher é duplamente explorada e oprimida na sociedade”, argumentou. Ivânia destacou ainda o relatório da ONU que mostra a realidade das mulheres no Brasil. O estudo aponta que o processo de construção da participação da mulher no movimento sindical levará 80 anos. Na política, principalmente nas Câmaras de Vereadores, serão necessários 150 anos para que a mulher esteja devidamente representada.

“Nós não podemos esperar tanto tempo. Fomos levadas a permanecer distantes da política como forma de opressão. Nós, trabalhadoras, precisamos estar nas Câmaras ao invés de eleger as primeiras damas que não têm compromisso com a nossa classe. Precisamos estar nos sindicatos e não ingressar em organizações de direita, opressoras, porque isso não vai ajudar no processo de igualdade de gênero”, afirmou.
Maria Aíres Oliveira Nascimento, secretária geral da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Sergipe (Fetase), concordou com Ivânia e lembrou que ainda há opressão e preconceito contra as mulheres também no campo. A dirigente sindical defendeu a adoção de políticas públicas voltadas para as trabalhadoras rurais. “Não basta ter direitos é preciso efetivá-los. Dessa forma, fica difícil para a mulher se fixar no campo”, disse.

Mídia burguesa

O Projeto de Lei 30 que amplia a terceirização, em debate no Senado Federal, a reforma política e a tentativa de golpe contra o Governo Dilma também foram amplamente debatidos do 2º Encontro das Mulheres da CTB/SE. Edival Góes defendeu uma atuação política feminina mais efetiva e destacou a necessidade de se eleger mais parlamentares ligados ao movimento sindical.

Ele criticou o projeto de terceirização que penaliza o trabalhador e defendeu uma maior participação dos trabalhadores no processo de reforma política. “Se deixarmos nas mãos desse Congresso, o projeto será ainda mais prejudicial para os trabalhadores do que a legislação que está em vigor hoje”, disse. A tentativa de golpe foi avaliada por Dayvid Souza, dirigente Nacional do Movimento de Luta pela Terra (MLT).

Para ele, a imprensa burguesa adotou uma agenda terrorista contra o governo Dilma e não dá espaço para denúncias que envolvem grandes empresários e artistas na lavagem de dinheiro do HSBC, na Suíça. “Esse é o Partido da Grande Mídia que quer ditar as normas e faz uma guerra de boatos transformando mentira em verdade”, avaliou Ivânia Pereira.
Ao final do debate, que terminou por volta da uma da tarde, foram eleitas 11 delegadas, representantes de Sergipe no Encontro Nacional Mulheres da CTB, a ser realizado de 22 a 24 de maio, em Brasília (DF).