Guerrilha colombiana reitera denúncia contra o paramilitarismo

A delegação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (Farc), que participa das conversas de paz com o governo, reiterou sua denúncia contra a existência e impunidade do paramilitarismo, um flagelo que hoje continua açoitando essa nação sul-americana.

Soldado detido pelas Farc - Exército Nacional da Colômbia

Desde que se iniciou a presidência de Juan Manuel Santos, foram registradas 1.762 agressões contra defensores de direitos humanos: 1.128 ameaças, 283 homicídios e 171 atentados, e a Promotoria só está investigando 442 destes casos, afirma um comunicado da guerrilha.

Em 2014, durante o Diálogo de Paz, as ameaças aumentaram 133 por cento, tendo sido assassinados 55 defensores, a maioria -prossegue o texto- eram líderes indígenas, integrantes de juntas de ação comunal ou camponeses, isto é, população do campo colombiano.

Segundo as Nações Unidas, no primeiro trimestre de 2015 mais de 25 líderes sociais, políticos e defensores de Direitos Humanos foram assassinados.

Desde o início do Diálogo em Havana, foram exterminados mais de 100 militantes de Marcha Patriótica, enquanto a Unidade Nacional de Proteção reportou que entre 2012 e 2015 recebeu 37.444 solicitações de proteção, mas apenas atendeu a metade.

Os responsáveis por estes crimes são em sua imensa maioria paramilitares, existindo na Colômbia mais de 80 estruturas destes grupos, asseguram as Farc, que mencionam grupos como Las Aguilas Negras, Rastrojos, o clã Úsuga e Erpac.

Propusemos na Mesa de Diálogo a colocação em prática de um mecanismo para o esclarecimento do fenômeno do paramilitarismo, tal e como se estabelece no item sete do ponto três, do Acordo Geral de Havana.

Igualmente, pedimos o desmantelamento efetivo do paramilitarismo, única forma de cumprir com o estabelecido no item seis, "Garantias de Segurança", do ponto três do Acordo.

“Todos na Colômbia sabemos que o paramilitarismo é uma grave realidade em nosso país e sem sua eliminação não poderá haver paz efetiva e duradoura. A falta de vontade em acabar efetivamente com o paramilitarismo só pode ser lido pela sociedade colombiana como falta de vontade para construir a paz”, sentenciam as Farc em seu comunicado.