As palavras de Marta Valdés, a destacada cronista do Cubadebate

Coincidindo com o aniversário de 60 anos de carreira artística de Marta Valdés, Ediciones Unión lançou um livro com as crônicas que esta destacada compositora e intérprete da canção cubana vem publicando há alguns anos no portal Cubadebate.

Por  Marilyn Bobes, no Cubadebate

Marta Valdés - Cubadebate

É preciso admitir o quão surpreendentes são a clareza da prosa e a elegância com que a mulher, sempre identificada com a música, se exercita na literatura. Nas páginas do livro, Marta combina suas experiências vitais com todo o arsenal que seu ofício e seu talento lhe permitem para entregar ao leitor uma escrita repleta de cubanía e anedotas de fino humor, além de detalhes importantes sobre personalidades cubanas.

O início da “carreira” de cronista de Marta se deve à cineasta Rebeca Chávez, que a incentivou a começar as publicações no portal cubano. A editora do Cubadebate, Rosa Míriam Elizalde, que considera a musicista uma de suas principais colaboradoras, afirmou: “não tinha como imaginar jamais a autora de Tu no sospechas [famosa música de Marta] como membro ativo daquela espécie de guerrilha louca que formávamos, fazendo malabares entre as Reflexões de Fidel e os primeiros textos de inquietos estudantes de Jornalismo devotos ao Facebook”.

A obra, intitulada Palavras, traz uma ampla mostra de crônicas que transcendem o cotidiano do jornalismo, e se transformam em um belo livro da mais alta literatura. A cuidadosa edição foi feita por Olga Marta Pérez.

Silvio Rodríguez, Omara Portuondo, Bebo y Chucho, Elena Burke e Ela O’Farril, entre outras personalidades, são trazidas pela memória e pelo juízo certeiro de Marta Valdéz em uma série sobre o patrimônio musical cubano, passado e presente, em textos que não têm nada que invejar os grandes cronistas profissionais e até mesmo os maiores escritores.

Isso porque Marta fala com a alma, mas também com a precisão e a clareza do bom comunicador. Como escritora é capaz de colocar em palavras toda sua perspicácia e sua agudez.

Rosa Miriam Elizalde expressa muito bem a obra em seu prólogo: “com Marta na internet ninguém lamenta o fim da comunicação real, direta, de pessoa para pessoa. Com ela vão os signos de uma Cuba que passou sua vida pela música de geração em geração, mas vai também o grande desafio do criador”.

As crônicas que estão no livro foram publicadas entre os anos de 2009 e 2011, mas Valdés segue escrevendo periodicamente para o Cubadebate. Talvez dentro de pouco tempo já haverá material para um novo e necessário volume.

Esta excelente proposta da Ediciones Unión, seguramente vai trazer prazer à leitura dos mais exigentes amantes da literatura de nossa ilha e, provavelmente, também será capaz de despertar um grande interesse para além das nossas fronteiras.