CPI da Petrobras aprova requerimentos de convocações em bloco

Após duas horas de discussão e tentativas de adiamento das votações previstas para esta quinta-feira (11), deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras aprovaram em menos de 30 segundos todos os 140 requerimentos previstos que incluíam a convocação de envolvidos na Lava Jato.

- Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Também foram aprovados pedidos de acareação e quebras de sigilos de investigados como o doleiro Alberto Youssef e de parentes dele, como as filhas Taminy Youssef e Kemelly Caroline Youssef e a esposa Joana Darc.

Entre as acareações, os deputados decidiram ouvir, em uma mesma sessão que ainda será marcada, o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco e Renato Duque, ex-diretor de Serviços. Outra acareação aprovada reunirá Barusco e João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT e entre o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli e Paulo Roberto Costa. .

Instituto Lula e José Dirceu

Na lista de requerimentos ainda está a convocação de Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula, para explicar as doações recebidas pela construtora Camargo Corrêa. O colegiado pedirá informações bancárias, telefônicas e fiscais do ex-ministro José Dirceu e de algumas das empreiteiras citadas nas irregularidades.

Para tentar driblar as tentativas de impedir a votação dos requerimentos previstos, a oposição apresentou um requerimento para que as votações fossem feitas em blocos. Representando o PT na sessão, o deputado Afonso Florence (BA) disse que há uma intenção clara de expor o partido.

“Temos objeção a alguns requerimentos que estão aí e queremos incluir outros”. Queremos investigar petistas, peemedebitas, democratas, mas o que não pode é fazer um circo no dia da abertura do Congresso do PT [que ocorria no mesmo dia, em Salvador] – disse.

Florence chegou a pedir a leitura da ata da última reunião da comissão, discussão e votação – um procedimento que, apesar de regimental, é raramente adotado pelos parlamentares. A estratégia era tentar retardar as análises até que a Ordem do Dia fosse aberta em plenário, impedindo deliberações nas comissões. A manobra irritou o presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB). "A CPI precisa acarear, quebrar sigilo, evoluir com aquilo que sociedade espera de nós. Hoje, um grande passo foi dado para que as investigações possam seguir e possamos dar o resultado que a sociedade espera de nós”, afirmou batendo a mão na mesa.

Mais raivoso estava o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) que comemorou a aprovação dos requerimentos atacando abertamente o PT. “Hoje dentro do PT tem bandidos, e não temos receio de falar isso em alto e bom som. Você que é do PT assaltou a Petrobras, e digo isso aqui, na CPI, e em qualquer outro lugar”, esbravejou.

Além da lista de convocados, alguns parlamentares também ficaram incomodados com o adiamento da sessão secreta em que deveriam ouvir explicações de representante da empresa Kroll, consultoria contratada pela CPI para investigar ativos desviados da Petrobras. As explicações da Kroll foram adiadas para o próximo dia 16.

Respostas já foram publicizadas

Em nota oficial, o Instituto Lula respondeu que os valores citados não são ilegais, foram declarados a receita federal e seguem as normas de qualquer instituto. Também há contratos, igualmente legais de pagamentos da Camargo Correa para a LILS, “referentes a quatro palestras feitas pelo ex-presidente, todas elas eventos públicos e com seus respectivos contratos”. A nota esclarece ainda que o Instituto Lula não prestou nenhum serviço eleitoral, “tampouco emite bônus eleitorais, o que é uma prerrogativa de partidos políticos, portanto deve ser algum equívoco”. E reafirmou, todas as “doações e pagamentos foram devidamente contabilizados, declarados e recolhidos os impostos devidos”.
E certificou ainda que as doações ao Instituto Lula e as palestras do ex-presidente não têm nenhuma relação com contratos da Petrobras.

Já no dia 21 de maio, o ex-ministro José Dirceu negou, por meio de nota, que os serviços prestados à empreiteira Engevix por sua empresa JD Assessoria e Consultoria tenham relação com contratos com a Petrobras. “O ex-ministro refuta qualquer relação do seu trabalho de consultoria com contratos da construtora com a Petrobras”, diz o texto. Segundo ele, o contrato da JD com a Jamp Engenheiros Associados Ltda, assinado em março de 2011, teve como objetivo prospectar negócios para a Engevix no exterior.

Dirceu explica que, no período de prestação de serviços da JD à Engevix e à Jamp, a construtora atuou em estudos para construção de hidrelétrica, projetos de irrigação e linhas ferroviárias no Peru.

“Durante a vigência do contrato, o ex-ministro José Dirceu chegou a viajar a Lima para tratar de interesses da Engevix – fato também confirmado pelo ex-vice-presidente da construtora Gerson Almada”, diz o texto.

Segundo o ex-ministro, Almada declarou que nunca falou com o ex-ministro a respeito da Petrobras. Ele acrescentou que esta versão foi confirmada também pelo presidente do Conselho da Engevix, Christian Kok, que disse, em entrevista à imprensa, que a Engevix contratou a JD para auxiliar em negócios fora do Brasil.