EUA repete na Venezuela a guerra que executou contra Allende

A guerra econômica executada na Venezuela desde 2013, por parte da direita apoiada pelo governo dos EUA, que inclui desestabilização, estocamento, especulação e contrabando de extração, tem como objetivo repetir no país o ocorrido contra Salvador Allende quando o Chile sofreu um golpe de Estado em 1973, após promover a escassez e a carência da população.

Por Roberto Bitencourt da Silva, para o Diário da Liberdade 


EUA liberam documentos sobre Chile durante governo Allende - Arquivo

Arquivos desclassificados em 2003 revelaram que, em 1970, o então presidente dos EUA Richard Nixon deu instruções para promover um golpe de Estado que impedisse a posse de Allende ou que fosse derrubado em seus primeiros dias de governo, recorda o jornalista venezuelano Eleazar Díaz Rangel, ao traçar um paralelo entre o que ocorreu no Chile de Allende e o que acontece atualmente na Venezuela de Maduro, em sua coluna no diário Últimas Notícias.

O melhor pretexto para conseguir entregar o poder aos militares chilenos era uma repentina situação econômica desastrosa, segundo os documentos. Uma advertência chegou ao antecessor de Allende na presidência, Eduardo Frei Montalva: “Não deixaremos que chegue uma só porca ou parafuso ao Chile caso Allende assuma o poder. Faremos de tudo para condenar o país e seus habitantes às privações e à pobreza mais absolutas”.

Parte da guerra econômica contra Allende foi afetar profundamente a economia chilena. Durante seu governo, tanto o Banco Mundial como o Banco de Exportações e Importações não concederam um centavo sequer.

Isso gerou um desabastecimento no país, provocando fenômenos como as “panelas vazias” e as paralisações dos caminhoneiros. As guerras econômica, política e psicológica foram os métodos utilizados contra o governo, em que a mídia e ONG's financiadas pelos EUA tiveram um papel importante.

As possibilidades de influência na região foram o principal motivo para Washington apoiar a queda de Allende, afirma Díaz Rangel. No caso venezuelano, essa influência é ainda maior, pois a Revolução Bolivariana criou mecanismos de integração regional, como a Unasul, a Celac, a Alba e a Petrocaribe, organizações que não contam com a interferência dos EUA.

Além disso, a Venezuela é o país com as maiores reservas de petróleo do mundo, que são almejadas pelos EUA para sustentar seu sistema capitalista, denuncia o jornalista venezuelano.