Vandré Fernandes: De menor
Na próxima terça-feira (30) será votada a Redução da Maioridade Penal no Congresso. A maioria dos deputados defende a redução e cerca de 70% da população também é a favor, achando que essa medida irá coibir o crime na sociedade. A desinformação é total. Países que reduziram a idade não frearam a violência e a escola do crime passou a recrutar jovens cada vez mais cedo. Reduzir será um desserviço e ficaremos distantes de uma sociedade mais humana.
Por Vandré Fernandes*, no Portal da UJS
Publicado 26/06/2015 17:11

É com esse enredo, sobre o envolvimento do jovem na criminalidade, apresento o filme da estreante Caru Alves de Souza, De Menor.
Helena (Rita Batata) é uma jovem advogada (defensora pública) que atua na defesa de jovens infratores. Ela atua para não encarcerar o menor e tenta aplicar medidas sócio-educativas para reabilitar o menor na sociedade. Porém, ela quase nunca reverte a decisão do tribunal que está sempre disposto a punir o jovem com a internação até completar 18 anos.
O drama cresce quando o seu irmão mais novo, o menor Caio (Giovanni Gallo), parte para o crime. Helena se vê em dificuldade. Ela precisa defender o irmão entre a razão e a emoção.
Sua primeira tentativa é convencer o irmão a mudar sua conduta. Depois tenta abrandar no tribunal a punição a Caio, mas não obtém o resultado esperado e o Juiz (Caco Ciocler) determina a prisão.
O filme termina em silêncio, com Helena numa banheira, como se dissesse que aquela jovem advogada tinha perdido seu irmão para o crime. Ou seja, “caiu alí, já era”!
É uma estreia em grande estilo. Caru, filha da excelente cineasta Tatá Amaral, tem boa firmeza na direção e um roteiro interessante que nos conduz para a reflexão.
Muitos podem achar que há um certo conservadorismo no filme ao dizer que o jovem na vulnerabilidade está propenso ao crime e, ao se envolver em um delito, ele será sempre um criminoso. Mas, não parece isso. A mensagem principal da cineasta é que as medidas brasileiras para reinserir o jovem infrator na sociedade são poucos eficazes e é preciso repensar as fórmulas socioeducativas. Ou seja, hoje, encarcerar o jovem é educá-lo na escola do crime.
Portanto, o nosso Congresso segue na contramão da história.
Assista ao trailer: