Ignorando o PPE, GM demite mais 550 trabalhadores

Na mesma semana em que o governo federal lança o Programa de Proteção ao Emprego, que autoriza redução temporária de salário com o objetivo de evitar demissões e preservar vínculos empregatícios, a fábrica da General Motors de São Caetano, em São Paulo, ignora solenemente o plano e continua demitindo.

General Motors - Reprodução

Nesta terça-feira (7) a empresa, que tinha 819 trabalhadores em lay-off, comunicou por telegrama 550 novas demissões, incluindo funcionários que possuem estabilidade em razão de doença do trabalho reconhecida pela Cipa.

Segundo o metalúrgico Denis Caporal, funcionário da empresa e diretor da Fitmetal (Federação Interestadual dos Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil), há uma grande omissão por parte do sindicato que deveria representar os trabalhadores da GM. “Eles estão na presidência há quase três décadas e não nos representam”, diz Caporal. “Eles tomaram posse no último dia 4 já sabendo das demissões e de tudo que viria e não fizeram absolutamente nada”.

Embora a retração do mercado automotivo seja uma realidade, é fato também que a empresa obteve recordes astronômicos em remessas de lucros e desoneração de IPI nos anos anteriores. Os trabalhadores da fábrica já vinham denunciando que a empresa deixou de pagar, neste mês, muitos dos 819 funcionários que estavam em lay-off.

Em nota à imprensa, a GM informou que neste caso específico, em que há a necessidade de reestruturação de uma operação industrial para adequar sua organização a uma nova realidade de mercado, (o PPE) não é o melhor caminho.

A montadora afirmou ainda que a redução do quadro funcional em São Caetano "atinge número inferior a 5% do total de empregados e foi aprovada em assembleia realizada por ocasião da aprovação do contrato de lay-off".

Segundo a Anfavea, neste ano as montadoras demitiram 7,6 mil trabalhadores. Em 12 meses, foram fechadas 14,5 mil vagas. O setor emprega atualmente 136,9 mil pessoas, o menor contingente desde dezembro de 2010.