Irã qualifica como "histórico" acordo nuclear

O Irã qualificou como "histórico" o acordo atingido, nesta terça-feira (14), em Viena, com seis potências mundiais para pôr fim ao impasse por seu programa nuclear e destacou que a partir de agora o país fica livre das sanções econômicas.

O ministro iraniano de Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif

Em um breve comunicado difundido pela agência oficial de notícias IRNA, a chancelaria do Irã destacou que o denominado Plano de Ação Conjunta Global foi finalmente assinado com o Grupo 5+1 (os países membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha).

A assinatura aconteceu na presença da chefe de Política Exterior da União Europeia (UE), Federica Mogherini, depois de duas semanas de extensas tratativas que precisaram de sucessivas prorrogações dos prazos mutuamente fixados pelas partes.

O documento foi assinado pelo ministro iraniano de Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, e por seus homólogos dos Estados Unidos, John Kerry; da França, Laurent Fabius; da China, Wang Yi; da Rússia, Serguei Lavrov; e do Reino Unido, Phillip Hammond; mais o da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier.

O acordo conseguiu-se após dois anos de intensos esforços e numerosos tropeços, e há mais de uma década de disputas e tensões diplomáticas, lembraram fontes governamentais.

De acordo com fontes diplomáticas consultadas em Teerã pela Prensa Latina, as conversas dos últimos dias puseram ênfases em estabelecer um guia claro do que o Irã aceitará sem renunciar aos que considera seus direitos legítimos a desenvolver as atividades nucleares pacíficas.

Além disso, a delegação do país persa manteve-se apegada às diretrizes fixadas pelo líder supremo da Revolução Islâmica, aiatolá Alí Khamenei, e várias resoluções emitidas pelo Majlis (parlamento local).

Ainda que não tenham sido informados detalhes do acordo, o entendimento se foca em limitar certas atividades atômicas da república islâmica, em troca da eliminação total e imediata das sanções econômicas impostas pela ONU e pelo Ocidente.

Os pontos fundamentais do acordo estabelecem que Teerã limite suas atividades mais sensíveis, mas se pactuou criar uma comissão para redesenhar as funções do reator atômico de Arak, sem que isso implique que este país renuncie ao enriquecimento de urânio com propósitos civis.

Tal como reclamou o Irã, os pacotes de medidas econômicas punitivas contra o país ficarão sem efeito de forma imediata, mas o governo do presidente norte-americano, Barack Obama, deverá submeter o acordo final à aprovação do Congresso para que este seja válido.

As potências ocidentais escalaram o conflito nuclear com o Irã partir de suspeitas de que a nação islâmica pretendia fabricar armas atômicas, algo que os líderes iranianos negaram reiterada e sucessivamente.

Fontes nesta capital assinalaram que sob o atual entendimento ficou descartado, ao menos de forma automática, que inspetores estrangeiros tenham acesso a instalações militares e interroguem cientistas nucleares iranianos, duas exigências de Washington, Paris, Londres e Berlim, dentro do G5+1.

De forma paliativa, círculos em Viena assinalaram que a Agência Internacional de Energia Atômica assinou uma "rota do caminho" com o Irã para continuar a cooperação e facilitar algum tipo de verificação no terreno, ainda que sem caráter vinculante.