Raul Carrion depõe em comissão da Memória, Verdade e Justiça da Alergs

Nesta quinta-feira, 16, o ex-deputado do PCdoB, Raul Carrion, prestará depoimento na subcomissão de Memória, Verdade e Justiça da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Carrion, que atualmente dirige a seção estadual da Fundação Maurício Grabois foi um dos muitos comunistas perseguidos no estado durante a ditadura militar.

Membro da Ação Popular, em 1965 Carrion passou a atuar junto ao movimento sindical, inicialmente no ramo metalúrgico. “Já nesse ano tentamos retomar o sindicato dos metalúrgicos das mãos da ditadura, mas não tivemos êxito. Foi nas lutas sindicais que tive meus primeiros contatos com o marxismo”, disse em depoimento ao livro Repressão e direito à resistência: os comunistas na luta contra a ditadura, lançado pelo projeto Marcas da Memória do Ministério da Justiça. Em 1969, Carrion passou a fazer parte do PCdoB.

Preso em 28 de maio de 1971, Carrion conta que “desde os primeiros dias, a sanha dos torturadores se voltou, principalmente, contra mim e Bruno Costa – acusados, pelos camaradas que fraquejaram, de sermos, respectivamente, secretário de Organização e tesoureiro do PCdoB, tendo nas mãos, portanto, o controle de toda a estrutura partidária. Como não conseguiram obter nenhuma informação de nós, decidiram nos enviar para a Operação Bandeirantes (Oban), em São Paulo – o mais temido centro clandestino de torturas do país. Assim, no dia 6 de junho, fomos embarcados, algemados e estropiados, em um DC3 da Força Aérea, com destino a São Paulo”.

Na Oban, lembra, “ficamos por quase dois meses submetidos aos torturadores comandados pelo major Brilhante Ustra”. Carrion e Bruno Costa, que recentemente voltou a fazer parte do PCdoB, foram libertados no dia 2 de agosto e Carrion seguiu para o exílio no Chile.

“Nessa época, conheci aquela que viria a ser minha esposa – Elvira Ballester Lafertt –, neta de um dos fundadores do Partido Comunista do Chile, Elias Lafertt, e filha do ex-combatente na Revolução Espanhola, José Soriano Ballester”, contou. Mais tarde, Carrion teve de seguir para a Argentina, retornando ao Brasil em 1976. Reencontrou Elvira somente em 1979, em Goiânia, e logo depois o casal retornou a Porto Alegre, onde puderam retomar a vida familiar e, aos poucos, Carrion pôde reconstruir sua vida político-partidária. Foi vereador de Porto Alegre por três legislaturas, deputado estadual e presidente do PCdoB-RS.

A sessão da subcomissão acontece a partir das 9h30 na sala Sarmento Leite da Assembleia Legislativa.