Brasileiro que participou da Revolução Sandinista volta à Nicarágua
No dia 19 de julho de 1979 consolidava-se a Revolução Sandinista na Nicarágua. Durante um longo tempo, os insurgentes lutaram contra o regime ditatorial imposto pela família Somoza. Inspirada pela luta anti-imperialista iniciada décadas antes pelo camponês Augusto César Sandino, a Frente Sandinista de Libertação Nacional chegou ao poder depois de um longo tempo de conflitos internos contra as forças governistas apoiadas pelos EUA.
Publicado 17/07/2015 17:14

Com a tática de guerrilha, a insurgência promoveu uma grande revolução e se tornou um dos movimentos mais importantes da América Latina, influenciando, inclusive, a população de outros países.
Na época, homens e mulheres de diversas partes da nação se juntaram a luta. A mobilização contou também com a presença de pessoas de diversos outros países, que se incorporaram ao grupo acreditando nos ideais da revolta, inclusive, brasileiros. Entre eles estava Enoch Fonseca.
Aos 71 anos hoje, morando atualmente em Tupã, no interior de São Paulo, ele estará, neste domingo (19), em Managua, onde o governo nicaraguense prepara uma grande celebração para rememorar os 36 anos da vitória.
Enoch estará na capital da Nicarágua como parte da delegação do PCdoB. Militante do partido desde a década de 80 e presidente do comite municipal de sua cidade, também deverá receber uma homenagem pelos seus serviços prestados durante a Revolução Sandinista. Ele esteve no país da América Central por cerca de 5 meses, como combatente, e chegou a ser atirador de elite das forças insurgentes, graças a suas habilidades adquiridas na época em que foi do Exército brasileiro.
Desiludido com os rumos que o Brasil estava tomando nos meses anteriores a ditadura militar, Enoch começou a perceber que algo precisava ser feito diante dos acontecimentos extremamente graves que ocorriam no país naqueles tempos. Aos poucos, sua militância foi crescendo, ao mesmo passo em que aumentava a opressão da ditadura brasileira.
Esta inquietude diante do cenário nacional lhe rendeu vários problemas, entre eles a prisão, mas também lhe proporcionou um intenso contato com outras pessoas que nutriam o mesmo tipo de sentimento de inconformismo. Foi através destes contatos que ele tomou conhecimento sobre a situação da Nicarágua.
Decidido a colaborar com a Revolução Sandinista e com algumas indicações na mão, embarcou sozinho e se integrou às tropas rebeldes, entrando no território nicaraguense através da Costa Rica.
Segundo ele, cada grupo combatente era formado por dez pessoas e as condições do conflito eram bem complexas. “Estavam todos juntos, homens e mulheres”, relata. “Comíamos muita banana cozida… Entravamos nas cidades em que as pessoas nos queriam, dormíamos nas casas por ali mesmo, mas os conflitos eram intensos e o clima tenso, não existia um momento certo de descanso”.
Enoch estava na Nicarágua no momento em que a insurgência prevaleceu. Lá ficou para ajudar a estruturar as novas Forças Armadas regulares. “Na hora em que o movimento tomou corpo todo mundo pegou em armas, o padeiro, o camponês. Quem estava no Norte foi para a guerrilha no Sul, quem estava no Sul lutou no Norte. Depois que terminou foi preciso organizar tudo”.
Neste dia 19, 36 anos depois, ele poderá voltar a Nicarágua e reencontrar velhos amigos de batalha, rever os locais pelos quais passou durante as batalhas e contar um pouco, para os nicaraguenses mais novos como foi a sua experiência na histórica Revolução Sandinista.