Cordel Umbilical: Carta de Joan para Idalzira

Glosa:
“Quem canta refresca a alma
Cantar adoça o sofrer
Quem canta zomba da morte
Cantar ajuda a viver”

Eu vivo sempre a cantar
Sempre a fazer poesia
Porque me dá alegria
E alivia o meu pesar
Serve pra me consolar
E para espantar meu trauma
Cantar me devolve a calma
E diminui a solidão
Massageia o coração
Quem canta refresca a alma

A música é companheira
Que diminui nossa dor
Nos dá paz interior
E nos livra da canseira
É remédio de primeira
Que se toma com prazer
Revigora o nosso ser
E combate o sofrimento
Espanta o nosso tormento
Cantar adoça o sofrer

Conheço um velho ditado
Onde dizem que quem canta
Todos os males espanta
E tem o peito aliviado
Não fica mais sufocado
Pela tristeza tão forte
Pena que eu não tive a sorte
De cantar com galhardia
Porém faço poesia
Quem canta zomba da morte

Quem na vida já sofreu
De um mal chamado tédio
Sabe que o melhor remédio
É a música de Orfeu
Pra cortar o pranto meu
E os desgostos esquecer
Torno de novo a dizer
Que não há como a canção
Certo é o velho refrão
Cantar ajuda a viver

Acaraú, 03 de setembro de 1990.

Mamãe,

A senhora sabe como eu gosto de música. Pois bem, pra completar minha solidão, já que eu não tenho nem gato nem cancão, o meu único companheiro, que era o gravador, quebrou. Agora nem música eu tenho mais. Pra passar o tempo fiz essa décima a respeito da música. Aqui, o mais tudo bem. Acho que vou mesmo este final de semana a Fortaleza. Ontem, dia 02 de setembro, foi o aniversário de Kleber, de Dina. Diga a ele que eu mandei os parabéns, e que guarde o bolo para quando eu for. Lembranças a todos daí.

Um cheiro, de seu filho,

Joan.