Foro de SP: mudança na América Latina não é irreversível, diz Alemão

O processo de mudança que agora vive a América Latina e o Caribe não é irreversível, a batalha tem que continuar e será difícil, disse, nesta quinta-feira (30), Ricardo Abreu Alemão, líder do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

Ricardo Alemão no Foro de São Paulo no México

O chefe de Relações Internacionais do PCdoB disse aos delegados da 21ª assembleia do Foro de São Paulo que a experiência de seu país mostra que devemos ser otimistas, mas sem ser triunfalistas.

Ele disse que as complexidades do processo liderado pela presidente Dilma Rousseff, em meio a uma ofensiva da direita e da oligarquia financeira contra o governo do Partido dos Trabalhadores.

“Isso inclui a escalada econômica, guerra midiática e o financiamento externo. O mesmo ocorre com a oposição em países como a Venezuela, Equador e Bolívia”, argumentou.

Segundo o membro do PCdoB, "na América Latina e Caribe há uma escalada da direita e do imperialismo para tentar pôr um fim aos governos de esquerda e progressistas da região. Utilizam variados meios e novas e velhas táticas, como a guerra midiática, a guerra econômica, a judicialização da política, os intentos de golpe de Estado, as ameaças de agressão militar, o apoio e o financiamento externo da oposição, dentre outros, para tentarem lograr as 'mudanças de regime' que almejam. Note-se que três dos principais países da América do Sul – Argentina, Brasil, Venezuela – passam por situações políticas críticas e são alvos dessa investida neste momento. Cada um com singularidades, mas tendo em comum a forte influência de fatores externos".

Ele reconheceu que em 2014 os partidos membros do Foro de São Paulo ganharam todas as eleições desse ano, “mas isso não indica que esses ganhos são irreversíveis no meio de ataques da direita e das consequências da crise econômica internacional e da globalização”, disse ele.

Alemão disse que o governo brasileiro enfrenta a oposição, tem uma minoria no Congresso e está sob a artilharia da mídia privada. Isso explica as condições difíceis em que avançam as mudanças no continente, onde ele enfatizou a unidade e a integração deve ser escudos contra ataques da direita e do capital internacional.

"No caso brasileiro, essa interferência do imperialismo se intensificou desde a descoberta da riqueza do pré-sal. Na campanha sucessória de 2014, organismos multilaterais hegemonizados pelos Estados Unidos, como é o caso do Fundo Monetário Internacional (FMI), e veículos da grande mídia, porta-vozes da oligarquia financeira, como é caso da revista britânica The Economist, se intrometeram no debate eleitoral em favor do candidatado do PSDB. Neste início de 2015, o Financial Times e a revista Time colocaram o Brasil no alvo e até mesmo fizeram ilações sobre a interrupção do mandato da presidenta Dilma", disse Alemão.

Enquanto isso, Hugo Molnis, representante do Movimento pelo Socialismo na Bolívia, disse que os processos de mudança no continente, particularmente em seu país, devem se transformar em regras da democracia participativa.

“Temos de ser eficientes, combater a corrupção e se reconectar com os movimentos sociais”, disse ele.

A 21ª reunião do Foro de São Paulo se encerrará em 1º de agosto quando será anunciada a sua declaração final e um plano de ação para lidar com o que eles chamam de contraofensiva contrarrevolucionária.