Cordel Umbilical: Mote glosado por Erivan
Nasci em setenta e três
Em um quatro de abril
Nesse dia o céu floriu
O sol mudou sua tez
Relato agora a vocês
Podem ter toda certeza
Ganhei o dom da beleza
E não quis o da mentira
Sou filho de Idalzira
Poeta por natureza
Publicado 04/08/2015 10:43 | Editado 04/03/2020 16:25
Desde pequeno provei
Toda minha inteligência
Sempre tive consciência
De mentir nunca gostei
Sempre, sempre procurei
Me comportar com presteza
Para provar com clareza
De que braços eu saíra
Sou filho de Idalzira
Poeta por natureza
Não me meto em confusão
Nunca fiz pirataria
Não gosto de valentia
Nunca soltei palavrão
É herança de vovô João
Que nunca teve afoiteza
Nem gostou de safadeza
Porém no toque da lira
Sou filho de Idalzira
Poeta por natureza
Nunca ninguém me avistou
Com intriga ou com zuada
Nunca fui de palhaçada
Pois mamãe já me avisou
Que eu mostrasse o meu valor
Trabalhando com firmeza
E que na vida a nobreza
Fosse sempre minha mira
Sou filho de Idalzira
Poeta por natureza
Não gosto de arruaça
Bagunça nunca gostei
Os Bezerra sempre honrei
Sem nunca fazer pirraça
Meu rumo levo na raça
No verso tenho destreza
Na poesia sou alteza
Sou rifle que muito atira
Sou filho de Idalzira
Poeta por natureza
Trago no sangue a poesia
Herança do meu avô
Minha mãe me repassou
Essa nobre primazia
E eu recebi com alegria
Esta sua gentileza
Tenho hoje esta certeza
Minha mãe é quem me inspira
Sou filho de Idalzira
Poeta por natureza
Rimo em quadra e em quadrão
Em martelo e em galope
Minhas rimas dão ibope
Em qualquer celebração
Rimo amor com coração
E rimo dor com tristeza
Rimo sertão com pobreza
E gente ruim com mentira
Sou filho de Idalzira
Poeta por natureza
Minha mãe é orgulhosa
De ter um filho poeta
Que faz poesia correta
E rimas maravilhosas
Que tira motes e glosas
Com maestria e firmeza
Eu sou a pedra turquesa
Minha mãe é uma safira
Sou filho de Idalzira
Poeta por natureza
Fortaleza, 30 de outubro de 1991