Mercadante: Investimentos vão garantir a expansão do setor petrolífero

Em audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (5), o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, disse que tanto uma queda no preço das commodities quanto as investigações da Operação Lava Jato afetaram temporáriamente os investimentos no setor. Mas ressaltou, no entanto, que a ação de combate às irregularidades vai garantir ganhos, em médio prazo, de eficiência, governança e transparência.

Mercadante em audiência na Câmara dos Deputados - Agência Câmara

“O combate à corrupção traz benefícios para a empresa e para a sociedade. [Com a operação Lava-Jato, da Polícia Federal] há uma recuperação [de recursos desviados] estimada em R$ 570 milhões, outros R$ 296 milhões já foram devolvidos e a meta de recuperação é R$ 6,2 bilhões”, disse. E acrescentou: “A empresa vai ter retomada de eficiência, mas agora tem impacto sobre o PIB [Produto Interno Bruto]”.

Segundo o ministro, apesar de todo o cenário, o setor de petróleo e gás no país é “promissor” e que os investimentos em tecnologia, inteligência e produção nacional tem promovido o crescimento. “Hoje temos 69 mil trabalhadores empregadas pela indústria naval, nove estaleiros ativos e outros quatro em construção”, disse.

E acrescenta: "Conseguimos diversificar os estaleiros por quase toda a costa brasileira. A trajetória da indústria em termo de emprego é bem nítida no ciclo que vivemos. Tivemos expansão importante, melhora do preço do petróleo, descoberta do pré-sal. Temos problemas, mas é bem melhor do que no tempo em que não tínhamos problemas porque não tínhamos indústria", afirmou.

Ele ainda destacou que mesmo sem obrigação regulatória, a Petrobras construiu diversas plataformas no Brasil, e o curso de engenharia nas universidades brasileiras está, hoje, entre as principais demandas de estudantes em razão da evolução do setor. O ministro ainda citou outras medidas como o fortalecimento do Fundo de Marinha Mercante que tem, atualmente, um total de ativos de R$ 28 bilhões. “Temos ainda uma grande demanda potencial. De 12 plataformas para a área de Libras, há 12 para a área excedente da cessão onerosa, além de plataformas para Lula e Sapinhoá [áreas do pré-sal]”, exemplificou.

Indústria naval

Sobre a crise da indústria naval, diretamente afetada pela Lava Jato, o ministro destacou que o setor já representou 13% das riquezas produzidas no país, mas hoje sofre com “a queda de investimentos da Petrobras e na construção civil”.

O ministro disse ainda que o primeiro problema surgiu com o colapso das commodities em agosto de 2014, “que desabaram de preço sem perspectiva de recuperação porque o Irã voltou ao mercado de petróleo [com projeção de oferta alta do produto] e isto impacta todas as empresas de petróleo do mundo e impacta a Petrobras”, explicou.

Segundo o Sindicato da Indústria Naval, só em janeiro, três mil postos de trabalho foram fechados e os cinco estaleiros que têm contratos com a Sete Brasil – empresa criada para gerenciar a construção das sondas a serem usadas pela estatal na exploração do pré-sal – estão em situação “crítica”.

O ministro salientou que a Sete Brasil é uma empresa importante no desenho criado para a produção de sondas no país. A empresa venceu a licitação para construir 28 sondas, mas, segundo ele, com as denúncias e a crise do setor, a Sete Brasil teve dificuldade para viabilizar créditos para alavancar essa produção.

“As denúncias, com o impacto da Lava Jato, atrasaram a concessão de financiamentos de longo prazo e o repasse para os estaleiros”, destacou Mercadante, afirmando que a empresa está adotando uma estratégia de reestruturação e vai reduzir de 28 para 19 o número de sondas. “Vai ter que fortalecer os estaleiros mais adiantados e vai ter que ter recomposição de estrutura acionária”, disse.