"Estamos no prenúncio do caos", diz ambientalista sobre falta d'água

O governo do estado de São Paulo diz estar agindo para evitar o racionamento de água, adotando medidas como a política de descontos, o uso do volume morto, redução da pressão e obras emergenciais, mas para especialistas em meio ambiente, o que o governo está fazendo são paliativos que não vão resolver definitivamente o problema.

TCE culpa governo Alckmin por crise hídrica e diz que faltou planejamento

"Estamos no prenúncio do caos se as medidas adequadas não forem tomadas", diz Carlos Bocuhy, do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental, entrevistado na edição de ontem (13) do Seu Jornal, da TVT. Ele cobra de Alckmin planejamento e ações de médio e longo prazo, como o combate aos vazamentos, a recuperação da represa Billings, a despoluição dos rios Tietê e Pinheiros, a construção de novos reservatórios e a proteção dos mananciais.

Para ele, o governo paulista "toma decisões sem consultar nem academia – sem a visão científica – e sem debate amplo com a sociedade. Isso leva a decisões unilaterais, emergenciais, e nunca há um planejamento mais efetivo e eficiente rumo à sustentabilidade."

Carlos concorda com o Tribunal de Contas do Estado (TCE) que nesta semana apontou a falta de planejamento como a principal causa da falta d'água. "É preciso responsabilizar o governo, principalmente com relação a atitude que o governo vem assumindo ao longo tempo, em que ele passa uma falsa segurança para a sociedade de que está tudo bem."

Após 19 dias sem chuva, o nível dos reservatórios que abastecem a região metropolitana da capital continua diminuindo. O mês de agosto normalmente é considerado o mais seco, e as chuvas só esperadas para a primeira quinzena de setembro.

Na última quinta-feira (13) o sistema Cantareira registrou a 12ª queda consecutiva e opera com 17,4% da capacidade, incluindo os dois volumes mortos já utilizados. O reservatório atende cerca de 6,5 milhões de pessoas da capital e de outros municípios.

Para aliviar o Cantareira no abastecimento destas regiões, a Sabesp tem utilizado outros sistemas, como o Guarapiranga e o Alto Tietê. Com isso, os volumes destes vêm caindo ainda mais rápido.

No sistema Guarapiranga, entre os dias 5 e 13 de agosto, o volume passou de 75% para 72,5%, uma queda de 0,3% por dia. Sem chuvas, o reservatório não consegue recuperar nada do que forneceu.

Para o mesmo período, o nível do reservatório Alto Tietê caiu de 17,6% para 16,4%, com queda de 0,2% por dia.