Crescem operações desestabilizadoras na América do Sul

Os governos populares nacionais da América do Sul são hoje objetos de crescentes operações desestabilizadoras como estamos vendo, considera o deputado argentino Horacio Pietragalla.

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"As ações de perturbação da ordem popular, contra a estabilidade política e econômica, e as manipulações midiáticas constituem uma manifestação de golpismo", sustentou o legislador na conferência "Equador, Desafios Legislativos".

No encontro, nesta terça-feira (19), na Casa Pátria Grande Presidente Néstor Kirchner, participaram o deputado equatoriano José Gabriel Rivera, que dissertou sobre as emendas constitucionais e os projetos de lei que se debatem em seu país, e a embaixadora Glória Vidal.

A atividade é parte do "Diálogo Cidadão sobre a proposta de emenda constitucional" que promove o governo equatoriano.

Pietragalla, que preside o Grupo Parlamentar de Amigos do Equador no Congresso argentino, alertou que essas ações destituintes são impulsionadas pelos grupos que possuem concentração de poder político, econômico e midiático "que são os grandes inimigos do progresso popular".

Ele assinalou que estão se dando no Brasil, Bolívia, Equador, Venezuela e "até aqui na Argentina vemos um avanço da direita e das corporações contra o projeto popular da presidenta Cristina Kirchner", explicou.

Por outro lado, o secretário para a Integração na Chancelaria argentina, Oscar Laborde, opina que Brasil, Equador e Venezuela são os objetivos claros dessa política, "enquanto na Argentina ameaçam permanentemente com golpes de mercado".

No caso argentino, os resultados do processo eleitoral e a alta imagem positiva da Presidenta Cristina Kirchner têm tirado forças da estratégia desestabilizadora, considera o também diretor do Instituto de Estudos da América Latina da Central de Trabalhadores da Argentina.

A realidade brasileira mostra como a direita norte-americana e os partidos opositores agem coordenadamente em todos estes países. "O primeiro elemento é que não existem fatos desconexos", propõe o também candidato ao Parlasul em um artigo para o jornal Página 12.

Para sustentar sua tese, explica que o tema das irregularidades financeiras na Petrobrás já tem várias décadas, no entanto se reinstala agora, e se toma somente para sua investigação todo o período de governo do PT.

“Aparece então outro fator comum às tentativas desestabilizadoras em toda a região: o papel do Poder Judicial, absolutamente, funcional às corporações”.

O terceiro elemento a ter em conta, comenta, é que em um sistema democrático, as maiorias parlamentares servem para consolidar as políticas de Estado, mas também para impedir a instrumentação de golpes via Poder Legislativo. “A experiência paraguaia é um exemplo e o PT enfrenta esta encruzilhada”, alerta.

Laborde adverte que "o freio aos governos populares já não é realizado por levantes com repressões ferozes, mas aproveitando um sistema político que demonstra estar obsoleto (foi armado para o funcionamento das oligarquias) para esta nova realidade latino-americana".