Não vai ter Golpe: Ato reúne mais de 10 mil pessoas em Fortaleza

O centro de Fortaleza parou. Mais de 10 mil pessoas entre jovens, mulheres, comerciários, professores, agricultores, sindicalistas, parlamentares, representantes das diversas frentes dos movimentos sociais, de partidos políticos e centrais sindicais lotaram uma das principais regiões populares da capital cearense na defesa por mais direitos, liberdade, democracia.

Os cearenses se somaram aos milhares de brasileiros que, nesta quarta-feira (20/08), saíram às ruas contra o golpe. A concentração foi na Praça da Bandeira e a manifestação seguiu até a Praça do Ferreira, um dos ícones de Fortaleza. Com palavras de ordem como “Não vai ter golpe”, “com o povo na rua, coxinha recua” e “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”, o centro se pintou de vermelho, verde e amarelo. Nas rodas de amigos, camisetas, adesivos ou cartazes, a defesa da democracia era a principal bandeira.

A autônoma Fabiana Farias não sabia da manifestação, mas disse estar animada vendo o povo mobilizado. “Fico feliz de saber que as pessoas não estão conformadas com a realidade que o Brasil está vivendo. Só com manifestação é que a gente consegue avançar”, defende. 

Francileuda Soares, membro da União Brasileira de Mulheres e secretária estadual de Mulheres do PCdoB-CE, diz que o país vive uma “verdadeira luta de classes”. “Hoje é o dia de ocuparmos a rua para defendermos a primeira mulher eleita democraticamente no Brasil. Dilma representa a classe trabalhadora e todo um contexto de exclusão que havia no passado. Aquele Brasil do tempo da Ditadura, não queremos nunca mais. E é isso que nos motiva a vir: o Brasil é nosso e iremos garantir o mandato da nossa presidenta até o final. Xô, golpistas!”

Natanael Mota, presidente da Federação de Bairros e Favelas de Fortaleza, também esteve presente no ato que considera ser “fundamental para os movimentos populares”. “Viemos aqui garantir a democracia, manter a presidenta que o povo elegeu, mas também garantir que o país avance e aprofunde as conquistas sociais, quer seja na educação, na saúde, na infraestrutura ou ainda na moradia”, ratifica.

Historicamente protagonista nas lutas políticas do país, a juventude cearense não fez diferente desta vez. “Sempre estivemos na rua para garantir a democracia. Hoje a juventude volta para a rua para consolidá-la. Os jovens precisam estar alerta contra os conservadores que querem tirar nossos direitos conquistados com tanta batalha. Querem privatizar nosso pré-sal. Por isso a juventude tem que ocupar todos os espaços para garantir o avanço nos direitos e defender cada vez mais oportunidades para esses jovens. Não descansaremos”, conclama Germana Amaral, presidente estadual da UNE no Ceará.

Para Luciano Simplício, presidente estadual da CTB-CE, a classe trabalhadora é parte primordial nesse processo de luta pela democracia. “Somos totalmente contra o golpe, principalmente no nosso país que tem a democracia ainda tão frágil. Entendemos que é na democracia que os trabalhadores podem discutir e buscar soluções para os seus problemas.

 Unidos, nós podemos avançar nos direitos da classe trabalhadora, que é quem produz a riqueza do país”. 

Para o presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, as bandeiras que unificaram tanta gente é de todos os “lutadores da democracia”. “Enfrentamos a Ditadura, a ausência de políticas públicas e privatizações. A solução que os capitalistas querem é demitir e garantir o lucro das empresas, nem que isso represente a precarização do trabalho. Queremos evitar o retorno da política neoliberal, que foi derrotada nas últimas eleições e não vamos deixar voltar. Temos que fortalecer as instituições e a defesa do voto direto, que conquistou 54 milhões de votos na última eleição, além de garantir esse projeto da classe trabalhadora, dos movimentos sociais, populares, e das forças de esquerda. Nossa arma é a da democracia contra uma elite que nunca conseguiu aceitar a nossa existência. Eles vão ter que nos engolir, pois vamos até onde for preciso para garantir os avanços e mais justiça social, contra o retrocesso. Dilma representa a democracia”, ratifica Carlos Eduardo Bezerra.

A sindicalista Marta Brandão, vice-presidente do Sindsaúde, considera que o povo não pode estar ausente neste momento importante da política brasileira. “Como dirigente sindical, temos a responsabilidade de ajudar a unir o Brasil em defesa dos trabalhadores, contra qualquer tentativa de golpe, contra o ajuste fiscal que tira direito dos trabalhadores e contra qualquer medida de retrocesso. Precisamos unir o Brasil para defender a liberdade e a soberania. Esta é uma responsabilidade do movimento social. Por isso estamos mobilizados hoje em todo o Brasil, ocupando as ruas para defender, sobretudo, a democracia que custou a vida de muitos brasileiros. Não abriremos mão e nem arredaremos o pé para o retrocesso de conquistas do povo brasileiro”.

De Fortaleza,
Carolina Campos
(Fotos: Regiane Alves e Dawlton Moura)