Indígenas protestam pela morte de Semião em Brasília

Na tarde desta terça-feira (1º), lideranças indígenas de seis povos – Guarani-Kaiowá, Terena, Munduruku, Baré, Kambeba e Baniwa – protestam na capital federal contra a morte de mais um líder Guarani-Kaiowá, o jovem Semião Vilhalva, de 24, anos, assassinado a tiros por fazendeiros devido ao conflito de terra que se estabeleceu desde que a tribo iniciou uma ocupação, há pouco mais de uma semana. Cerca de 70 professores apoiam a manifestação.

Indígenas pedem demarcação de terra - Antonio Cruz/ Agência Brasil

Segundo informações do MST, cerca de cem fazendeiros e jagunços, acompanhados de políticos da região, invadiram a fazenda ocupada pela tribo e atiraram contra vários índios, inclusive crianças de colo fora atingidas por balas de borracha. Na ocasião, Semião foi morto com um tiro na cabeça.

A área em disputa, Ñanderu Marangatú, no município de Antônio João, no Mato Grosso do Sul, é reconhecida e foi homologada como terra tradicional indígena já em 2005, pelo Governo Federal. No entanto, a demarcação nunca foi feita.

Em Brasília os indígenas denunciam a organização de operações e ações paramilitares no Mato Grosso do Sul que constantemente ameaçam e atacam os povos tradicionais. A lentidão do Estado Brasileiro no processo de demarcação de terras também é alvo de críticas.

Não só no Mato Grosso do Sul o latifúndio tem feito vítimas. Na mesa semana em que Semião foi assassinado, pistoleiros armaram uma emboscada contra o agricultor conselheiro do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Raimundo Santos Rodrigues. Este caso aconteceu no Maranhão, até agora duas pessoas foram presas.

No Amazonas a líder comunitária do Ramal da Portelinha, Maria das Dores Salvador Priante, foi sequestrada de dentro de casa e assassinada com requintes de crueldade no dia 12 de agosto, mesma data em que se realiza a Marcha das Margaridas, a maior mobilização feminina da América Latina cuja pauta principal é o combate à violência contra as mulheres no campo.

Os indígenas atribuem o aumento da violência de latifundiários nas aldeias e comunidades, à paralisação das demarcações de terras. Diante da gravidade dos recentes ataques, com participação de políticos e o apoio de forças policiais, representantes da Grande Assembleia Aty Guasu Guarani-Kaiowá solicitaram uma audiência com a presidente da República Dilma Rousseff.

“A qualquer momento, existe possibilidade de genocídio praticado por ataques paramilitares contra nosso povo por parte de milícias que desrespeitam a estrutura do Estado, suas leis, suas atribuições e lideranças/autoridades, ferindo a soberania nacional”, afirma o ofício de solicitação da audiência.

Com cerca de 50 mil pessoas, os Guarani-Kaiowá compõem a segunda maior população de indígenas do Brasil. Todas as terras indígenas reivindicadas por eles totalizam uma porção de terra de apenas cerca de 2% da área do estado do Mato Grosso do Sul.