Fernando Brito: O fundamentalismo dos EUA e o Exército Islâmico
David Petraeus, general aposentado e ex-diretor da CIA, deu ontem, segundo a Agência France Presse, mais uma daquelas ideias que mostram como o pensamento dos Estados Unidos continua a entender o mundo – e muito especificamente o Oriente Médio – como um lugar onde se faz manipulações, acordos com grupos militares e com fanáticos sem outro critério que não o de fazer prevalecer situações que lhes convenham.
Por Fernando Brito
Publicado 02/09/2015 17:29
“Ex-chefe da CIA propõe utilizar Al-Qaeda contra Estado Islâmico”, noticia a agência, explicando que Petraeus sugere cooptar integrantes de uma das facções do grupo para enfrentar os soldados do Isis.
O Isis, por sua vez, desfila com os potentes veículos e armamentos que recebeu do Ocidente quando interessava para derrubar o presidente sírio Bashar al-Assad.
Como, afinal, foi com a cooptação do próprio Osama Bin Laden para lutar contra os russos no Afeganistão.
Os EUA vão colhendo, assim, um problema de cada “solução” que encontram para o “mundo livre”.
E vão tornando a luta política nos países do Terceiro Mundo quase que sinônimo de radicalismo e, não raro, de guerra civil.
Conseguiram, estimulando o conflito sírio, provocar uma onda de migração que já passou de 4 milhões de pessoas, além dos cerca de 10 milhões de refugiados que saíram de suas casas e estão abrigados em áreas menos conflituosas do país.
Avalie isso sabendo que a população total da Síria é (ou era) de 23 milhões de habitantes.
É como se, no Brasil, quase um de cada cinco brasileiros tivesse fugido para o exterior e quase 100 milhões estivessem refugiados em outras cidades e estados.
No famoso desenho Asterix, de Uderzo, o personagem Obelix volta e meia falava: “são loucos, estes romanos”.
Parece que o mesmo se aplica aos romanos contemporâneos do Tio Sam.