Cordel Umbilical: Carta de Idalzira para Zerivan

Zerivan a tua carta
Para mim foi um presente
Demorei com a resposta
Porque estava doente
Primeiro tive a virose
Depois a maldita artrose
Me atacou de repente

Ela mexe com a gente
Porque tem uma força bruta
É uma dor renitente
Que deixa a gente biruta
Acaba com a paciência
Provoca a deficiência
Todos perdem nesta luta

Eu estou nesta labuta
Vai completar doze anos
Muito mais de doze médicos
Já passaram por meus planos
Tenho uma existência comprida
Oitenta e um anos de vida
Foram muitos os desenganos

Ninguém calcula os danos
Que a tal doença produz
Mas é preciso saber
Que muito mais sofreu Jesus
Ele que era inocente
Teve uma morte cruelmente
Depois pregado na cruz

Mas deixou a sua luz
Para quem quisesse ver
Os mandamentos escritos
Para o povo se reger
Ele que deu tanto amor
Teve uma morte de horror
Numa cruz sem merecer

Por ai podemos ver
Através dos pensamentos
Como a vida é repleta
De dores e sofrimentos
Mas eu gemendo e chorando
Ainda continuo tentando
No concurso de talentos

Aproveitando os momentos
Quando as dores suaviza
Vejo que o Banco Real
De mim ainda precisa
Quem sabe se neste ano
Ou por sorte ou por engano
O prêmio é da poetisa

Hoje estou curtindo a brisa
Que traz o raiar do dia
Pra responder tua carta
Bem rimada em poesia
Me deixou muito contente
É bom colocar a mente
Nesta simples terapia

Eu também no dia-a-dia
Aproveito este percurso
Querendo ganhar um premio
Através de um concurso
Que vem do Banco Real
A oferta é legal
Para ganhar se ver urso

Isto aqui não é discurso
É apenas uma cartinha
Levando beijos e abraços
Pra Lua minha netinha
Também mando um abração
De todo meu coração
Para Mônica e Terezinha

Mas nesta outra quadrinha
Para amenizar a saudade
Te desejo muita paz
Saúde e felicidade
Mesmo com dor e gemidos
Muitos anos tenho vivido
Alcancei a melhor idade

Te espero com brevidade
Mas não faça sacrifício
Desculpe as minhas rimas
Não sou mestre neste ofício
Mando aqui sem embaraço
Pra você um forte abraço
E outro pra seu Milício