SUS lança campanha para melhorar atendimento às lésbicas e bissexuais

Com objetivo de mapear o atendimento prestado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e qualificar os profissionais nos serviços oferecidos à população, o Ministério da Saúde lançou na última quarta-feira (2) uma nova etapa da campanha Políticas de equidade. Para tratar bem de todos, agora para aprimorar os serviços no atendimento às mulheres lésbicas e bissexuais.

casamento gay - Reprodução

Segundo Ivânia Pereira, secretária da Mulher Trabalhadora da CTB, essa é uma antiga reivindicação do movimento feminista brasileiro. “Sempre defendemos a necessidade de um atendimento diferenciado com olhar inclusivo. É importante ver o SUS avançando em seus propósitos de oferecer um serviço adequado às necessidades das brasileiras”, preconiza.

Já Silvana Brazeiro Conti, representante da Liga Brasileira de Lésbicas no Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, acredita ser fundamental iniciativas como essa para “trazer novos avanços às conquistas da comunidade LGBT nos últimos 13 anos”. Para ela, é fundamental que “os profissionais da saúde tenham formação adequada e mais sensibilidade nas consultas médicas sobre as nossas especificidades”. Ela cita o
s procedimentos efetuados pelos ginecologistas atualmente que desconhecem essa realidade e “nos tratam como mulheres heterossexuais”. Assim, de acordo com Silvana, “muitas lésbicas e bissexuais não frequentam ginecologistas para não se exporem a constrangimentos”. O que, complementa, “acarreta um alto índice de incidência de câncer de mama e de colo de útero em nosso meio”.

O slogan é longo, mas mostra o caráter da campanha: Cuidar da saúde de todos. Faz bem para a saúde das mulheres lésbicas e bissexuais. Faz bem para o Brasil. O lançamento faz parte das comemorações do Dia Nacional da Visibilidade Lésbica (29 de agosto). O objetivo é sensibilizar os trabalhadores, gestores e profissionais de saúde que atuam no SUS para oferecer um acolhimento e atendimento com escuta qualificada e humanizada às mulheres lésbicas e bissexuais. "É necessário também criar um canal de comunicação para as demandas regionais e tirar da invisibilidade as mulheres lésbicas", reforça Beth Fernandes, presidenta do projeto Casulo, ligado ao Ministério Público Federal.

"Principalmente das lésbicas que atingem a menopausa e os médicos não perguntam sobre suas atividades sexuais e assim não conseguem encaminhar-lhes tratamento adequado", acentua.

De acordo com Silvana, existe a necessidade de se melhorar o atendimento em vários aspectos. “É importante aprimorar o cuidado com o atendimento adequado, mas somente isso não basta”, acentua. “Até em questão de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis há necessidade de se avançar”. Ela conta que são distribuídas camisinhas masculinas, mas não têm os insumos necessários para as mulheres lésbicas. Além, reforça ela, do olhar discriminatório quando “procuramos atendimento”.

Segundo o Ministério da Saúde serão distribuídos 100 mil cartazes para secretarias de Saúde e 20 mil folders destinados aos movimentos sociais, Comitês Estaduais e Municipais de Saúde das Populações de Gays Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT). “É necessário reforçar a questão de que o SUS está implementando o atendimento inclusivo enquanto uma questão de saúde pública”, salienta Silvana.