ONU critica falta de resposta da União Europeia sobre refugiados

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) manifestou nesta terça-feira (15) sua "profunda decepção" pela incapacidade do grupo dos 28 países que formam a União Europeia (UE) de chegar a um acordo efetivo sobre a redistribuição de 120 mil refugiados.

Campo de refugiados sírios em Zaatari, na Jordânia

Nesta segunda, os ministros do Interior da UE concordaram em uma reunião extraordinária em apoiar um plano inicial para a realocação de 40 mil imigrantes, mas não se conseguiu um consenso sobre a partilha de uma quantidade maior.

Os participantes no encontro adiaram para o início de outubro a decisão sobre o estabelecimento de cotas por países e o calendário para a implementação dessa iniciativa.

A porta-voz do Acnur, Melissa Fleming, expressou sua insatisfação com os resultados da reunião e reclamou uma resposta coerente e baseada na solidariedade ante a atual crise migratória.

Segundo a agência europeia para o controle de fronteiras (Frontex), mais de 500 mil imigrantes chegaram a países da UE durante os primeiros oito meses deste ano, 220 mil a mais que em igual período de 2014.

A diretoria comunitária tem reiterado em várias ocasiões a necessidade de encontrar uma solução para essa questão, mas os 28 países não se colocam de acordo e alguns, como Reino Unido, Polônia, Eslováquia e Hungria não aceitam o estabelecimento de cotas obrigatórias para o recebimento de refugiados.

A chanceler alemã, Angela Merkel, comunicou que seu país e a Áustria solicitaram a realização de uma cúpula extraordinária do bloco para a próxima semana, devido à situação de emergência nas fronteiras dos dois países e o fracasso do encontro entre os ministros do Interior.

Angela ressaltou também a necessidade de debater outras questões como a ajuda a países de origem e trânsito dos imigrantes e a ampliação da quantidade de centros de recepção.

Indo na outra direção, o governo húngaro anunciou a construção de uma muralha na fronteira com a Romênia, similar à de 175 quilômetros erguida nos limites com a Sérvia, para impedir a entrada de estrangeiros.

Apesar dos fortes questionamentos e críticas por parte de organizações humanitárias, um pacote de leis para o recrudescimento das penas contra a imigração ilegal entrou em vigor nesta terça-feira no país, segundo confirmaram as autoridades.

Como resultado, se iniciaram processos judiciais contra dezenas de pessoas que chegaram de maneira ilegal ao território húngaro, que podem enfrentar de três a cinco anos em prisão.

O executivo húngaro decretou estado de emergência para duas províncias meridionais e confirmou o envio de 900 policiais e 4,3 mil militares aos pontos limítrofes.

Por sua vez, o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, reiterou a negativa de seu país em aceitar cotas de refugiados e assegurou que seu governo não se deixará intimidar com ameaças como o possível corte dos fundos comunitários aos Estados que não aceitarem essa medida.

Enquanto o fluxo migratório continua crescendo, centenas de refugiados pediram à Turquia que abra suas fronteiras com territórios da UE, para que eles não arrisquem suas vidas ao cruzar o mar Mediterrâneo.