Argentina cria rede de mulheres para lutar por democracia paritária

Com apoio da ONU, a Argentina se tornou o primeiro país a reunir representantes de diferentes setores da sociedade para pensar uma democracia realmente paritária. O encontro, intitulado “Mulher e poder: juntas fazemos a transformação”, reuniu 62 mulheres dos setores público e privado nesta segunda e terça-feira (14 e 15).

Representantes da ONU na Argentina - Telám

A atividade foi impulsionada pela pela fundação Mais Paz, Menos Aids. A presidenta da entidade, Patricia Pérez, que integra o Conselho Assessor da ONU para a Sociedade Civil, destacou a importância de as mulheres pensarem juntas em soluções para atingir a igualdade de gênero.

Segundo ela, o encontro tem por objetivo fazer com que as mulheres pensem sobre o poder. “Em nosso caso [o poder] é visto por um viés de cultura da paz, onde o outro não é um inimigo, mas sim alguém com quem podemos debater. Não falamos de luta, falamos de construção”, explicou a dirigente.

A jurista espanhola Irune Aguirrezabal, assessora para as Américas e o Caribe sobre a participação política da ONU Mulheres, afirmou que a Argentina é pioneira ao criar a Lei de Proporção (Ley de Cupo), que prevê igualdade entre homens e mulheres no Legislativo. Criticou, porém, o mesmo não valer para o judiciário. “Não se trata somente de cotas, mas sim de ter mais advogadas, fiscais, juízas, que tenham sensibilidade e que as mulheres possam crer na justiça. Os serviços existem, mas muitas não se atrevem a denunciar.”

Para a jurista, a Argentina tem mostrado progresso ao tratar e prevenir casos de violência de gênero, mas esta ainda é uma tarefa pendente não só na América Latina, como em todo o mundo. “Alcançar a democracia paritária é alcançar uma democracia inteligente, é aquela que recebe os aportes e impulsos de mulheres e homens de todos os setores”, afirmou.

Na próxima sexta-feira (25), será realizada em Nova York a Cúpula das Nações Unidas, onde líderes de todo o mundo montarão um cronograma para o desenvolvimento sustentável e incluirão objetivos a serem concretizados até 2030. O diálogo promovido na Argentina é uma contribuição para que a perspectiva de gênero também esteja presente na reunião e seja um tema tratado com a relevância merecida.