Rebaixamento não afetou interesse estrangeiro por títulos da dívida

O rebaixamento da nota de crédito do Brasil, promovido pela Standard & Poor’s e tão alardeado pela oposição, até agora não inibiu o interesse de estrangeiros pelos títulos da dívida interna brasileira. A notícia veio do coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro, José Franco Medeiros de Morais. Segundo ele, apesar de os números de setembro ainda não estarem fechados, já há a percepção de que, “até o momento, não foram observados fluxos de saída de investidores não residentes”.

José Franco de Morais

De acordo com Morais, o que se projeta é exatamente o oposto. “O relato dos ‘dealers’ é de que tem muito investidor não residente se preparando para entrar. As taxas de juros estão mais elevadas e o real depreciado, o que faz com que o não residente tenha um melhor ponto de entrada no país”, disse o coordenador-geral nesta segunda (28).

Os ‘dealers’ são instituições financeiras credenciadas pelo Tesouro Nacional e pelo Banco Central para promover o desenvolvimento dos mercados de títulos públicos. Tais instituições atuam tanto nas emissões primárias de títulos públicos federais como na negociação no mercado secundário desses títulos. São elas, portanto, que melhor podem sentir a quantas anda o interesse do investidor estrangeiro pelos papéis brasileiros.

Morais detalhou que, apesar desse interesse não ter sofrido alteração, os investidores estrangeiros estão trocando os títulos de longo prazo pelos de prazo mais curto. “A gestão de carteira ocorre o tempo todo no mercado financeiro e é saudável. Em momentos de aversão ao risco, os investidores tendem a encurtar a carteira. Muitos estão fazendo hedge [operações no mercado futuro] para buscar proteção em momentos de volatilidade”, afirmou.

Os números da dívida pública em setembro, mês em que a agência de classificação de risco retirou o grau de investimento do Brasil, só serão divulgados no final de outubro. Já as estatísticas de agosto indicam que os investidores estrangeiros detinham R$ 488,51 bilhões em títulos da dívida interna no mês passado, o que significa 19,14% do estoque.

Em valores absolutos, a quantia representa o terceiro maior resultado mensal, só perdendo para maio (R$ 493,4 bilhões) e junho (R$ 493,5 bilhões). Em termos percentuais, a maior participação de não residentes na dívida interna foi registrada em maio, com 20,8%.