Eleição em Portugal: direita perde votos e a maioria no parlamento

As eleições legislativas disputadas no domingo (4) em Portugal terminaram com significativa queda de votação dos partidos de direita, em contraposição ao aumento na esquerda e com a abstenção de mais de 43% dos portugueses. O recado das urnas é que a maioria repudiou as políticas antinacionais, antipopulares e de cortes draconianos.

Jerónimo de Sousa

O resultado do PSD/CDS, independentemente da condição de coligação mais votada, expressa uma clara condenação à política realizada nos últimos quatro anos pelo seu governo. A coligação obteve 38,5% dos votos, elegendo 104 deputados, 28 a menos que em 2011 e insuficiente para obter a maioria na Assembleia, que é de 116 assentos. A coligação de Passos Coelho já não poderá mais governar sozinha.

Essa votação, traduzida numa enorme perda de votos, na perda de pontos percentuais e deputados, é resultado da política de declínio econômico e retrocesso social de PSD e CDS.

O PS, de António Costa, obteve 32,4% dos votos, conquistando 85 vagas, 11 a mais que em 2011. O Bloco de Esquerda obteve 19 assentos, um resultado que mais que duplica sua bancada de 2011 – quando elegeu 8. Com 8,6% dos votos e 17 deputados, um a mais que em 2011, a CDU – composta pelo Partido Comunista Português e Os Verdes – é a quarta bancada do parlamento.

Antonio Costa afirmou à mídia portuguesa que seu partido, o PS, não alcançou os resultados a que se propôs, afirmando também que a maioria da população escolheu a mudança votando no PS, na CDU e no Bloco de Esquerda, mas que essa maioria não "é de governo".

Já Passos Coelho, da coalizão direitista, afirmou que "seria estranho o partido vitorioso não governar", já pressionando o presidente da república, Cavaco Silva, para autorizar a coalizão a formar um novo governo.

A CDU já afirmou que rejeitará na Assembleia da República qualquer tentativa de continuidade do governo de Passos Coelho. A única possibilidade que os direitistas têm de permanecer na chefia do Estado é obter o apoio do PS.

De acordo com Jerónimo de Sousa, candidato da CDU, "seria intolerável que o presidente da República quisesse, contra a vontade do povo português dar-lhes a possibilidade de continuar no governo", se referindo à coalizão direitista.