No dia do professor, Chico Lopes fala sobre desafios da categoria

Professor das redes municipal e estadual de ensino, o deputado federal Chico Lopes (PCdoB-CE) iniciou cedo sua militância em grêmios escolares e associações de professores.

Chico Lopes - Divulgação

Ele é autor de emenda que permitiu que os professores da rede pública dedicassem um terço de seu tempo de trabalho a atividades extrassala. Hoje, luta para ampliar o acesso de docentes à pós-graduação,

Neste dia do professor (15), entrevistamos Chico Lopes para saber quais os principais desafios da categoria.

Qual o maior problema enfrentado pelos docentes brasileiros hoje?

Eu diria que a maior parte dos problemas orbita entre remuneração e formação. Há uma contradição eterna na política brasileira porque, se de um lado há um consenso de que a educação é fundamental para a formação da cidadania e da mão de obra, por outro os recursos são escassos e frequentemente negligenciados.

Na minha atuação, eu tento focar sempre na formação dos professores e na remuneração porque são os entraves mais imediatos para a melhoria da educação e da condição de trabalho desses profissionais.

E entre as conquistas recentes, qual você destacaria?

A lei do piso salarial nacional dos professores, que inclui o direito a um terço da carga horária para atividades extrassala, conquista viabilizada através de muita luta, antes e depois da aprovação da lei, que foi estabelecida a partir de uma emenda de nossa autoria.

Essa medida — que já está sendo implementada em alguns estados, como o Ceará, permite que os professores tenham tempo para corrigir provas e planejar atividades dentro da escola. Antes esse tipo de tarefa acabava sendo feito em casa, o que resultava em sobrecarga.

Você falou sobre a formação dos professores, mas a maioria não tem tempo de se dedicar a uma especialização, por exemplo, e os incentivos são pequenos.

Uma bandeira da categoria que estou encampando é a de permitir que os professores façam mestrado e doutoramento em suas áreas de atuação com bolsa paga pelo Estado e sem precisarem dar aulas no período em que estão estudando, como já acontece com os professores universitários. Porque não adianta apenas fazer um mestrado, por exemplo. Se a pessoa não tem tempo de se dedicar aquilo, a assimilação é menor.