Prêmio Nobel diz que Brasil está melhor que em crises anteriores

Prêmio Nobel de Economia de 2008, o norte-americano Paul Krugman afirma que a situação econômica do Brasil não tem nada de desesperadora e está longe da gravidade registrada em crises anteriores. Segundo ele, o país tem fundamentos econômicos para enfrentar a turbulência. “As pessoas estão exagerando”, avalia, em entrevista à Folha de S. Paulo publicada nesta segunda (19).

Paul Krugman

De acordo com Krugman, a economia global enfrenta "crescimento baixo, pressões deflacionárias e desempenho decepcionante”. É neste contexto que se insere atual crise brasileira que, conforme sinaliza o economista, não está nem perto de ser o bicho-papão que parte da mídia e da oposição fazem parecer.

“Apesar de o Brasil estar obviamente uma bagunça, do ponto de vista político, e mesmo que a economia tenha sofrido um retrocesso perto de todo aquele otimismo de alguns anos atrás, os fundamentos econômicos do país não chegam nem perto de estar tão ruins quanto em episódios anteriores”, analisa.

Para Krugman, “a situação fiscal não é desesperadora e o país está longe de um momento em que precisaria imprimir dinheiro para pagar suas contas”. O norte-americano defende que a taxa de câmbio está alta, “mas nada perto dos níveis que associamos a crises graves”.

Ele lembra que, depois do boom das commodities, o país sofre o impacto da queda nos preços das matérias-primas e isso é significativo. “Mas o Brasil de 2015 não é a Indonésia em 1998, nem a Argentina em 2001. É um problema, é desagradável e um pouco humilhante se ver nesta situação de novo. Mas as pessoas estão exagerando”, declarou.

O Prêmio Nobel minimizou ainda os impactos da tão alardeada perda do grau de investimento, anunciada pela agência de classificação de risco Standard & Poor's em setembro. “Nos países avançados, as classificações de risco não têm efeito nenhum. Para o Brasil e outras economias emergentes, isso ainda pode importar um pouco, mas bem menos que antes. É importante dizer que não há informação nenhuma na nota, as agências não têm nenhuma informação que as pessoas que acompanhem os dados e os jornais não saibam”, explicou.

Krugman opinou que o rebaixamento não é "grande coisa" na istuação atual. "Isso gera manchetes, mas o que importa mesmo é a percepção”, concluiu.