Brasil tem instrumentos para sair da crise, diz Barbosa

O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Nelson Barbosa, afirmou nesta terça (29) que o Brasil tem todos os instrumentos necessários para superar a crise e que a solução dos problemas dependerá da construção de consensos. “Cabe a nós decidir como vamos resolver e em que velocidade”, disse em audiência na Comissão Mista de Orçamento, na Câmara dos Deputados.

Nelson Barbosa

Barbosa disse ainda que há convergência de opiniões quanto à necessidade de recuperação da capacidade do Brasil de fazer superavit primário, mas divergência sobre em que velocidade fazê-lo.

O ministro destacou que a maior parte das ações do pacote apresentado pelo governo no início do mês depende da aprovação de leis para sair do papel. “O desafio para o Executivo e a classe política é construir essa travessia, que envolve escolhas difíceis. Não vamos deixar de fazer o necessário porque é difícil”, afirmou.

O governo negocia com os parlamentares a aprovação de um pacote de medidas que visam o equilíbrio fiscal. Entre elas, estão a volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), aumento da alíquota do Imposto de Renda Pessoa Física sobre ganho de capital nas operações acima de R$ 1 milhão, congelamento do reajuste do funcionalismo público até agosto e suspensão de novos concursos públicos.

“À medida que a inflação cair, a taxa de juros vai voltar a cair. Você pode ter as bases para novo ciclo de expansão do consumo das famílias”, defendeu. No final do ano passado, o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciou um movimento de alta na taxa básica de juros, a Selic, que atualmente está em 14,25% ao ano. Na última reunião, no início desse mês, a Selic manteve-se sem alterações, após sete altas consecutivas.

Barbosa ressaltou ainda que a desvalorizção do real frente ao dólar tem efeito positivo sobre alguns aspectos, como no aumento do saldo comercial e na redução do deficit em conta corrente. “Devemos ter deficit em conta corrente menor do que o esperado este ano”, disse. Além disso, ele destacou que a depreciação do real torna os investimentos no Brasil mais atraentes para os investidores externos.