Nikolai Leónov: "Bloqueio dos EUA contra Cuba é odioso e obsoleto"

O tenente-general russo (reformado) Nikolai Leónov qualificou hoje de "odioso e obsoleto" o bloqueio econômico, comercial e financeiro dos Estados Unidos contra Cuba, em declarações à Prensa Latina.

Por Jorge Petinaud*

Nikolai Leonov, entre Fidel e Raúl Castro

"É algo muito obsoleto e tão odiado por todo mundo, que por mais de 23 vezes a imensa maioria das nações votou nas Nações Unidas em prol da resolução que chama Washington a pôr fim a esta política, a esse sistema de represálias que não podemos chamar de outra forma que idiota", expressou o também escritor.

Autor de uma biografia política do líder histórico da Revolução Cubana, Fidel Castro, do primeiro livro biográfico sobre o presidente Raúl Castro e de outras oito obras, Leónov é um especialista em relação à América Latina e Caribe.

"Todo mundo trabalha e comercializa hoje com Cuba em condições de igualdade, me refiro à China, à toda América Latina, que se converteu no primeiro cliente da ilha em comércio exterior, e os Estados Unidos demonstram a estreiteza de sua mentalidade, ao se apegar ao bloqueio", acrescentou.

"É algo que, francamente, prejudica ao próprio Estados Unidos, que continua engolindo seu ódio por aquelas amargas lembranças de quase sessenta anos de enfrentamento inútil contra Cuba, enquanto perdem inclusive oportunidades de regressar dignamente, porque esse lugar no mercado cubano estão ocupando agora outros países", raciocinou o doutor em ciências históricas.

Ao falar das oportunidades que oferece atualmente a economia cubana, Leónov sublinhou a presença da China, Brasil, Venezuela e a própria Rússia, que retorna para colaborar. No entanto, os Estados Unidos, um vizinho próximo, se "autobloqueiam", segundo expressou.

"Eu diria que são as limitações de uma mente imperial, de um pensamento imperialista, a incapacidade de aceitar o princípio de igualdade entre as nações, referendado em todos os documentos do Direito Internacional contemporâneo", expressou.

Leónov reconheceu que o presidente norte-americano Barack Obama entendeu o fracasso dessa política frente a resistência dos cubanos, e tentou buscar outra via para alcançar seus objetivos, com o qual se iniciou um processo negociador para a normalização das relações.

No entanto, já se passou um ano e, na prática, o bloqueio contra todo um povo mantém toda sua crueldade, considerou.

Leónov opina que a posição cubana é clara, "para que as relações sejam normais devem devolver a base de Guantânamo e derrubar a parede que eles mesmos construíram, porque Cuba não participou na formação do sistema de bloqueio, que persiste".

Mas nos Estados Unidos o assunto cubano atinge a maquinaria política, no último ano de seu mandato Obama compreende a inutilidade do bloqueio, enquanto o Congresso controlado pelos republicanos está na contramão, assinalou.

Em resumo, é uma máquina muito antiga, com muita areia em seus mecanismos, e terão que lubrificá-la completamente, não sei como vão resolver o problema. Todavia, na Assembleia Geral das Nações Unidas, o mundo inteiro continuará exigindo o fim do bloqueio econômico, comercial e financeiro de Washington contra Cuba, concluiu Leónov.

*Correspondente da Prensa Latina na Europa