Reorganização escolar: uma perspectiva histórica da mudança

A tentativa do governo de São Paulo de reorganizar o ensino do estado, setorizando as escolas por idade e fechando unidades, não é uma novidade na história recente do sucateamento da rede pública por parte do PSDB.

Em manifestação, estudantes relatam o desmonte da educação promovido por Alckmin

Em 1995, uma medida semelhante foi implantada. Na época, o governo do PSDB — que controlava ainda o Ministério da Educação durante o governo FHC — alegava razões parecidas: redução demográfica; maior qualidade do ensino ao separar crianças de adolescentes; possibilidade de expansão do ensino médio.

As medidas na verdade eram parte de um programa estimulado pelo Banco Mundial, com empréstimos e assessorias, estabelecendo o atendimento público só para o ensino fundamental regular, gerando uma progressiva privatização do ensino médio e superior e um caráter assistencialista para a educação infantil, que passou a ser vista como uma “ajuda às mães que trabalham”, e não como um dever do Estado para com as crianças.

As medidas de 1995 não melhoraram a qualidade da escola paulista e reduziram seu alcance. Desde então, o que ocorreu foi uma migração em massa de alunos para a rede privada. cianças pequenas desassistidas pela educação infantil pública e um sucateamento geral do sistema.

Em artigo recente na Folha de S.Paulo, a professora da Faculdade de Educação da USP Sonia Kruppa, que chefiou o gabinete da secretaria de Educação do estado na gestão Paulo Freire, afirma que “a população não é gado que se remove e se confina em espaços predeterminados. O passado nos faz descrentes de qualquer benefício à qualidade e à oferta da educação dessas medidas. Os jovens já se organizam e o movimento de contestação ganha as ruas. Reagir é preciso!”.