Brasil, o mundo encantado que Câmara Cascudo viu e relatou

Expressões, gestos, cantorias, ciranda, um temperinho, aquela pimentinha, o “docinho para adoçar a boca depois de salgar o estômago”, o santo para proteger, sal grosso para espantar mau olhado e alho contra o olho gordo, “Deus me livre passar por debaixo da escada’, cruzar com um gato preto e dar de cara com a mula sem cabeça. Foi esse Brasil que Câmara Cascudo estudou incessantemente, e é este estudioso que a exposição O Tempo e Eu (e Vc) apresenta.

Por Mariana Serafini

Exposição Câmara Cascudo - Mariana Serafini

O Museu da Língua Portuguesa, na capital paulista, traz a exposição O Tempo e Eu (e VC), sobre a vida e a valiosa obra do antropólogo brasileiro Luís da Câmara Cascudo (1898 – 1986), que conheceu e apresentou o Brasil aos brasileiros como ainda hoje nenhum outro historiador o fez.

Câmara Cascudo foi a fundo, destrinchou a relação entre indígenas, portugueses e escravos que deu origem ao que hoje conhecemos como o Brasil, “o povo brasileiro” e o folclore. A crença, os mitos, a alimentação, a música, os ditados populares, as expressões… nada passou despercebido aos olhos do estudioso que viveu para saciar sua curiosidade.

Sob a curadoria de Gustavo Wanderley, a exposição traz um recorte de quem foi Câmara Cascudo e o que sua obra significa para o Brasil de hoje. Interativa, leve e cativante, cada cantinho tem uma história valiosa a contar. Logo na entrada, um labirinto de 20 mil livros leva o visitante a se perguntar onde essas palavras querem chegar e é então que se depara com a grandiosa obra do antropólogo brasileiro.

A exposição traz explicações de fácil entendimento sobre a música popular, algumas expressões como “mostrar a língua”, “beliscar” ou “sorrir”. Também apresenta as crenças e as simpatias, além dos mitos e ditos populares. Mas a gastronomia, tão estudada por Câmara Cascudo tem um espaço especial, interativo, cheio de sons, cheiros e toques. A história de alimentos brasileiros como o arroz e o feijão, bem temperados com a “pimentinha” e acompanhados de uma boa farinha de mandioca ganham cor e magia.

Em cartaz até dia 14 de fevereiro, O Tempo e Eu (e Vc) pode ser visitada de terça-feira a domingo das 10 às 18 horas. Os ingressos custam R$ 6 e R$ 3 e aos sábados a entrada é gratuita. Depois da capital paulista, o mundo de Câmara Cascudo ainda vai passar por Curitiba, Rio de Janeiro, Fortaleza, Belém e Manaus.

O Vermelho visitou a exposição e registrou cada detalhe para apresentar ao leitor.

Veja a galeria de imagens na íntegra:


O Tempo e Eu (e Vc)