Camila Lanes reafirma o espírito de luta do movimento secundarista
A paranaense Camila Lanes é fruto da geração de mulheres que não se calam e que cada vez mais disputam os espaços de poder. Indicada pela UJS a presidir a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), apesar de jovem, a presidenta da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (Upes), já possui uma bagagem de lutas, afinal, o governador do seu estado, o tucano Beto Richa, vem promovendo o desmonte da educação e exige força e unidade dos movimentos sociais.
Por Laís Gouveia
Publicado 09/11/2015 13:27
Camila iniciou sua trajetória no grêmio do seu colégio há quatro anos e nunca mais parou de atuar na militância. A jovem participou da luta pela resistência da sede da Upes, que, na época, estava em guerra judicial com uma empreiteira que demoliu a sede e ameaçava tomar o terreno. “Minha inserção no movimento estudantil começou neste contexto. Trabalhava, estudava e muitas vezes levava comida ao final do dia para os estudantes que estavam ocupados sobre os escombros do que um dia foi a sede. Hoje, com muita luta, conquistamos nosso terreno para funcionamento da entidade”, afirma.
Desafios do movimento secundarista
Ao ser indaga sobre os desafios da próxima gestão, Camila salienta que as últimas gestões da Ubes garantiram conquistas importantes, mas é necessário avançar mais. “Vitórias como os 10% do PIB e 75% dos royalties do pré-sal para educação, serão importantíssimas para o futuro das próximas gerações, porém, temos ainda inúmeros desafios, como a compreensão do que representa a reformulação do ensino médio e a visão educacional como um todo. A questão da Meia Entrada precisa ser dialogada com os estudantes, que é um direito importantíssimo. Com o retrocesso da Medida Provisória 2208, por exemplo, até farmácias vendem carteiras de estudantes, inclusive para pessoas que não possuem vinculo educacional algum. Temos que explicar a importância da Meia Entrada para completa ransformação do movimento estudantil. Outro desafio é ganhar cada vez mais as massas e ocupar as ruas de todo o país, mostrando que, estudante precisa ser levado a sério neste país.”
Camila considera que o momento atual exige uma efetiva participação do movimento social para frear a onda de retrocessos. “Nos últimos 13 anos, houve no país uma série de governos progressistas, que muito fizeram pela população brasileira. Porém, o cenário de governabilidade encontra percalços, como, por exemplo, um Congresso Nacional mais retrógrado desde a ditadura militar, que impede votações estratégicas e impõe a agenda do conservadorismo. Outra questão é a pouca identidade popular com a política. O trabalhador não vê identificação do que ocorre em Brasília em sua vida cotidiana, esse é um diagnóstico que leva à descrença e ao desinteresse.”
Mais participação política
A jovem considera que, o sistema político como um todo está saturado e que medidas urgentes precisam ser tomadas. “Garantimos, recentemente, o fim do financiamento privado em campanhas eleitorais. Qual o é o brasileiro que, para além do movimento social, sabe a significância de tal medida, quando temos, além de tudo, uma mídia que faz questão de não passar informações estratégicas à população?”, conclui.
O Congresso da Ubes ocorrerá em Brasília entre os dias 12 a 15 de novembro e possui como objetivo defender debater as lutas do movimento estudantil secundarista para a próxima gestão. O fórum terá como ápice uma passeata que correrá na próxima sexta-feira (13). As palavras de ordem serão em defesa da democracia, pelo aprofundamento dos avanços e implementação das reformas estruturantes.
Personalidades políticas, como Ciro Gomes e a presidenta Dilma Rousseff, foram convidadas a participar do congresso.