Sem adesão, ato de caminhoneiros bloqueia parcialmente rodovias
Nesta segunda-feira (9), o movimento organizado pelo autodenominado Comando Nacional do Transporte, que se diz independente dos sindicatos, realizou bloqueios em três estados do Sul, além de Minas Gerais, São Paulo, Tocantins e Rio Grande do Norte.
Publicado 09/11/2015 17:20
A manifestação, que tinha como objetivo pedir o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, foi convocada em apoio aos grupos da direita conservadora como Movimento Brasil Livre, o Vem Pra Rua, o Revoltados On Line e o Movimento Brasil Livre (MBL).
O primeiro balanço da Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou não ter registrado grandes problemas nas rodovias em função do protesto.
Por outro lado, entidades da categoria divulgaram notas repelindo o movimento. A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), uma das entidades que representam a categoria, classificou como imoral “qualquer mobilização que se utiliza da boa-fé dos caminhoneiros autônomos para promover o caos no país e pressionar o governo em prol de interesses políticos ou particulares, que nada têm a ver com os problemas da categoria”.
A entidade disse não poder admitir que “pessoas estranhas, sem histórico algum de representação da categoria, utilizem-se do respeito que o caminhoneiro conquistou junto à opinião pública pela força e importância que exercem na economia do país”.
Outra entidade a se manifestar foi a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL). “Os caminhoneiros não precisam de mobilização para derrubar governo. Os caminhoneiros precisam de mobilização para regulamentar frete e preço de frete, para melhorar as condições de trabalho como pontos de parada com estrutura adequada, confortável e segura para atender suas necessidades. Quem realmente representa os interesses da categoria está trabalhando e lutando para concretizar as reivindicações dos caminhoneiros”, disse a entidade por meio de nota.
Para o Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Bens no Estado do Pará (Sindicam-PA), a greve é organizada “por pessoas que não fazem parte da categoria e estão aproveitando o momento de dificuldade que o país passa”.
Objetivo
Em vídeo publicado nas redes sociais, os organizadores do protesto confirmam o objetivo político do ato. “Seu governo não tem mais legitimidade. O seu partido provocou a destruição do Brasil”, diz o post publicado no Facebook, sem apresentar uma reivindicação trabalhista específica.
O rechaço das entidades representativas dos caminhoneiros refletiu na adesão ao movimento. Segundo matéria publicada no G1, mais de 40 caminhoneiros decidiram parar os veículos em postos de combustíveis da BR-040, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, para não aderir ao movimento.
Como resultado, de acordo com a Polícia Rodoviária, a paralisação da categoria não aconteceu no Rio de Janeiro e não houve fechamento de pistas.
Em Minas, também de acordo com a Polícia Rodoviária, nenhuma pista foi totalmente bloqueada. Mais cedo, na BR-381, em Igarapé, foi registrado alguns tumultos com caminhoneiros se recusando a parar e tendo seus veículos danificados.
Já em São Paulo, o movimento bloqueou a Rodovia dos Bandeirantes, provocando filas de nove quilômetros.
Governo chama ao diálogo
Em entrevista coletiva nesta segunda (9), o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, afirmou que o governo respeita as manifestações e está aberto ao diálogo, mas salientou que o movimento não encaminhou uma pauta de reivindicação.
“No nosso entendimento é uma greve pontual que atinge pontualmente algumas regiões do país. É infelizmente uma greve que se caracteriza como uma aspiração única de desgaste político do governo”, salientou.
Para o ministro, é preciso colocar os interesses da população acima de outras questões. “Esperamos efetivamente que aqueles que estão envolvidos nessa mobilização, que têm único objetivo de desgaste político, que possam colocar acima de qualquer outra questão os interesses da população brasileira”, enfatizou.