Mídia usa golpismo nas estradas para criminalizar movimentos sociais
Como a mobilização em favor de golpista não teve a adesão dos trabalhadores caminhoneiros, a grande mídia agora tenta mudar o foco e transformar a ação do governo para garantir o abastecimento numa ação de cerceamento do direito de manifestação.
Publicado 11/11/2015 10:48
A presidenta Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira (10), ao ser questionada sobre os atos isolados, que “obstruir é crime”.
"Obstruir é crime. Obstruir, afetar a economia popular é crime. Manifestar é algo absolutamente legal. É da democracia. É algo que faz bem ao pais e à democracia. (…) Todos nós somos obrigados a cumprir a lei, principalmente as pessoas que exercem a faculdade de cumprir a lei”, enfatizou Dilma durante visita às obras de construção da Linha 4 do Metrô, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
A mídia propaga a ideia de que há dois pesos e duas medidas na ação do governo. A jornalista Miriam Leitão, em seu comentário na rádio CBN, disse que qualquer medida que o governo lançar contra o grupo de inconformados com os resultados nas urnas deverá ser aplicado a toda e qualquer manifestação de trabalhadores. Essa linha de raciocínio foi feita por outros apresentadores de telejornais e se propagou nas redes sociais.
A estratégia é manter a criminalização dos movimentos sociais que, diferentemente de grupos conservadores golpistas, ocupa as ruas com uma agenda de reivindicações e propostas. A falácia propagada pelos meios de comunicação é a de que o governo não lança tais medidas quando se trata de grupos que, supostamente, não são contrários ao governo. Na verdade, para essa mídia, qualquer grupo que não é a favor de suas teses neoliberais é a favor do governo.
A verdade é que o dito “movimento de caminhoneiros” não conta com a adesão nem das entidades representantes da categoria e muito menos dos trabalhadores. A Confederação Nacional dos Transportes Autônomos afirmou, em nota, que não concorda com a mobilização, já que a pauta não tem relação com os problemas específicos da categoria. A União Nacional dos Caminhoneiros também informou que discorda dos bloqueios.
O protesto foi convocado pelo autodenominado “Comando Nacional do Transporte”, que se diz independente dos sindicatos. Na linha da política adotada pela oposição tucana de quanto pior, melhor, o objetivo era criar um clima de impeachment contra o mandato da presidenta Dilma. O movimento conta com o “apoio” dos grupos da direita conservadora como o Vem Pra Rua, o Revoltados On Line e o Movimento Brasil Livre (MBL).
Na segunda-feira (9), o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, indagado por jornalistas em entrevista coletiva, falou sobre o protesto destacando que o governo não recebeu nenhuma pauta de reivindicações da categoria. Ressaltou que a livre manifestação é um direito sagrado, mas que o objetivo do ato era meramente político.
Vale ressaltar que a manifestação política também é um direito sagrado, desde que isso não represente uma sabotagem aos interesses nacionais. A própria presidenta Dilma reafirmou a defesa desse princípio constitucional.
Livre manifestação
“Reivindicar, nesse país, é um direito de todo mundo. Então reinvindicação, no Brasil, há muito tempo não é crime. Nós construímos a democracia para não ser crime. Agora, esse país é um país responsável. Interditar estradas, comprometer a economia popular, desabastecendo com alimentos ou combustíveis, isso tem componentes de crime”, disse Dilma.
Diante disso, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, determinou que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) desobstrua as rodovias bloqueadas.
“Evidentemente, no caso de interdição de estradas, nós já determinamos para a PRF que atue através do efetivo necessário para que possamos desobstruir estradas e possamos garantir que aqueles caminhoneiros que queiram trabalhar tenham sua liberdade de ir e vir assegurada”, disse o ministro da Justiça, informando que os caminhoneiros que fecharem estradas para sabotar a economia terão de pagar multa de valor superior a R$ 1,9 mil.