Pessoa nega relação de propina com campanha e derruba tese de cassação

Apesar dos depoimentos dos delatores sempre ocuparem as manchetes dos jornais da grande imprensa, o depoimento do delator e dono da UTC Ricardo Pessoa, prestado ao juiz federal Sergio Moro, em Curitiba, nesta segunda (9), na ação que investiga o ex-ministro José Dirceu, não teve o mesmo destaque.

Ricardo Pessoa UTC

O motivo de tal desprezo dos meios de comunicação é porque as afirmações de Pessoa desmentiam as ilações lançadas pelo consórcio golpista: as doações para campanhas eleitorais não tinham relação com as propinas pagas pela empreiteira em troca de contratos com a Petrobras.

O Portal Vermelho apontou por diversas vezes que nos depoimentos de diversos delatores não existia essa relação que a mídia criou. Mas como o que importa para veículos como a Veja e Época não é apontar a verdade, mas incriminar a qualquer custo o PT, os factoides e depoimentos seletivos foram propagados e manipulados sem escrúpulos.

No depoimento do empreiteiro, publicado pelo jornal Folha. de S. Paulo, ele contraria a tese da acusação da procuradoria de que o financiamento legal a candidatos e partidos era uma das etapas finais do esquema de propinas.

“Na época de campanha, as contribuições de campanha não tinham nada a ver com propina, eram contribuições de campanha mesmo. O restante, não. Era como se pagava a comissão da propina da Petrobras", afirmou.

Antes que um líder da oposição, paladino da moral e dos bons costumes, diga que Pessoa mudou o depoimento, vale lembrar que a afirmação foi feita em depoimentos anteriores, sem o mesmo destaque da mídia.

Ação no TSE

A declaração derruba a tese da ação movida junto ao Tribunal Superior eleitoral (TSE) pelos tucanos, que tentam associar as doações de campanhas por empresas investigadas na Lava Jato para pedir a cassação do mandato de Dilma. Os tucanos tentam camuflar o fato de que eles também receberam doações das empresas investigadas, inclusive com valores semelhantes.

A ação no TSE havia sido arquivada, mas o candidato derrotado nas urnas e presidente do PSDB, senador Aécio Neves, pediu a reabertura com base nos vazamentos dos depoimentos do empreiteiro. Pessoa chegou a depor, mas por conta do acordo de delação na Lava Jato, ficou em silêncio.

Dirceu

Sobre os pagamentos feitos a José Dirceu, o dono da UTC negou que tivesse qualquer relação com a Petrobras. “Absolutamente [não]. Nunca ouvi o diretor [Renato] Duque mencionar o nome de José Dirceu [ao negociar propinas]”, afirmou Pessoa.

Ainda segundo o empreiteiro, o contrato entre a UTC e a empresa de consultoria de Dirceu era para que o ex-ministro fosse uma espécie de “relações públicas” da empresa em países como Peru, Colômbia e Equador.