Dilma cobra da Vale e BHP a responsabilidade pelos danos em Minas

A presidenta Dilma Rousseff cobrou a responsabilidade pelos danos socioambientais causados pelo rompimento da barragem da mineradora Samarco-Vale, em Mariana, Minas Gerais. Em entrevista coletiva, o ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, afirmou que a presidenta tratou diretamente do assunto com o presidente da Vale, Murilo Ferreira, e o CEO da BHP Billiton, Andrew Mackenzie, por telefone nesta quarta-feira (11).

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“A presidenta Dilma cobrou a responsabilidade da mineradora muito firmemente. E a mineradora admite que irá fazer todo o esforço para que, no tempo mais rápido [possível], possa dar a resposta, principalmente às famílias atingidas”, relatou Occhi.

Para o governo, a mineradora tem a responsabilidade de arcar com o custo de soluções para os danos provocados pela catástrofe e defende que seja adotado um modelo de cobrança de medidas reparatórias e de punições similar ao adotado pelos Estados Unidos, quando do vazamento de petróleo no Golfo do México, em 2010, que derramou mais de 4 milhões de barris de petróleo no litoral dos Estados Unidos.

Nesta quinta (12), a presidenta Dilma vai sobrevoar a região atingida pelo rompimento de duas barragens da mineradora. A lama tóxica de rejeitos que transbordou das barragens atingiu várias cidades mineiras e chegou agora ao Espírito Santo.

A presidenta se encontra com o governador de Minas, Fernando Pimentel, e segue de helicóptero para sobrevoar os distritos de Bento Rodrigues e Paracatu, na região de Mariana. Logo depois, vai a Governador Valadares, onde a captação de água para o abastecimento da população está suspensa por causa da onda de lama que inundou o Rio Doce. Por fim, chegará a Colatina, no Espírito Santo, onde também se reunirá com o governador do estado, Paulo Hartung.

Dilma determinou também a criação de um comitê de gestão da crise ambiental provocada pelo desabamento das duas represas. A portaria deverá ser publicada nesta quinta (12), no Diário Oficial da União.

O objetivo é acompanhar de perto as ações que vão ser estabelecidas pela mineradora Samarco, proprietária das barragens que se romperam, para “uma cobrança mais rápida de soluções para as famílias que perderam seus bens materiais e de respostas principalmente aos municípios da calha do Rio Doce, que estão hoje com problemas de abastecimento de água, bem como o acompanhamento da questão ambiental”, explicou o ministro da Integração.

Na avaliação de Occhi, os danos causados agora pela enxurrada de lama das barragens também não são pequenos. “Eu tive a oportunidade de visitar a região. Estamos falando aí de impactos que também destruíram rodovias mineiras, propriedades de várias pessoas. Aqueles que tinham suas plantações, a sua agricultura como uma forma de subsistência. Aqueles que tinham a criação de animais naquela região. O impacto ambiental.”

“Nós, do governo federal, já estamos com o monitoramento do impacto da captação de água. E já estamos também com alguns planos em desenvolvimento, para suprir o abastecimento de água das cidades – que deverão ser repassados à mineradora Samarco, para que ela possa providenciar a resposta imediatamente, junto aos municípios e ao governo dos estados. Ações emergenciais, como assumir as despesas de carro-pipa, da perfuração de poços, da execução de adutoras de montagem rápida e outras ações, como a mudança de captação dos mananciais existentes. Então, é uma característica individual de cada cidade – e as ações para cada cidade são diferenciadas”.

Ele informou que o comitê será composto por representantes dos ministérios da Integração Nacional; de Minas e Energia e do Meio Ambiente, bem como dos governos do Espírito Santo e de Minas Gerais, além do Ministério Público.