A história continua a ser escrita, diz Alanir sobre Dossiê Itamaracá  

Momentos de reencontros e de emoções à flor da pele marcaram o lançamento do livro Dossiê Itamaracá: Dossiê Itamaracá: Cotidiano e resistência dos presos políticos da Penitenciária Barreto Campelo (Pernambuco 1973-1979)", da jornalista e historiadora Joana Côrtes, na noite de terça-feira (24), na Livraria Cultura, no Recife. O espaço ficou lotado de amigos, familiares e ex presos políticos cujas histórias estão retratadas no livro. 

A história continua a ser escrita, diz Alanir sobre o Dossiê Itamaracá - Ana Siqueira

O presidente do Comitê Estadual do PCdoB de Pernambuco, Alanir Cardoso, preso pela ditadura militar na Penitenciária Barreto Campelo, sintetizou a emoção dos presentes em seu breve discurso. "Esse é, de fato, um grande reencontro da história ainda percorrerá muito tempo. Mas, mais do que isso é o reencontro da democracia com a liberdade e com a nossa perspectiva", afirmou emocionado.

"Cada um de nós que passamos por Itamaracá tem suas particularidades e a de Bosco (Rollemberg, pai de Joana), Luciano (Siqueira), Luci (Siqueira) e eu é que somos de uma corrente política determinada, que é o Partido Comunista do Brasil e o nosso sonho de construir em nossa terra a sociedade da liberdade, a sociedade socialista, continua. Bosco, Ana Côrtes, Luciano, Luci, Nevinha, minha companheira, nós continuamos militando para prosseguir com aquela 'pausa' que a ditadura militar nos impôs, momentaneamente", destacou.

Segundo ainda Alanir, "os desafios da sociedade estão postos e tenho um orgulho muito grande de ver duas jovens (Joana e Pâmela) darem uma contribuição importante para que essa história continue sendo escrita o suficiente para que um dia seja apenas a história do passado e para que nós possamos viver na terra da liberdade, na terra do socialismo, na terra da realização plena das aspirações mais amplas que a Humanidade possa vir a realizar", completou o dirigente comunista.

Entre os presentes ao lançamento estavam o vice-prefeito e dirigente do PCdoB, Luciano Siqueira, que também foi preso pelo regime militar na Barreto Campelo; o jornalista e poeta Marcelo Mário Melo; o vereador de Olinda Marcelo Santa Cruz, cujo irmão permanece desaparecido até hoje; Luci Siqueira, esposa de Luciano e ex presa política em Itamaracá; Ana Côrtes e Bosco Rolemberg, pais da autora. Dez dos ex presos políticos da foto da capa do livro que ainda estão vivos participaram do evento.

O livro

Fruto da dissertação da autora no mestrado em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o livro recebeu o Prêmio Memórias Reveladas, na 2ª edição do concurso promovido pelo Arquivo Nacional.

Segundo Joana Côrtes,"trata-se da história de clandestinidade, prisão e resistência, mobilização e solidariedade, greves de fome e luta por liberdade de um coletivo de presos políticos na Ilha de Itamaracá, de mulheres nordestinas, de jovens brasileiros durante a ditadura na década de 70". O lançamento acontece na Livraria Cultura, no Bairro do Recife, a partir das 19h, durante bate-papo com a autora.

Ela é filha dos ex presos políticos Ana Côrtes e Bosco Rolemberg e foi a partir da história de vida de seus pais que resgatou a luta dos presos políticos na Penitenciária Barreto Campelo, na Ilha de Itamaracá, em Pernambuco, naquele período.

Na ocasião, foi lançado também o livro "Os vigilantes da ordem: a cooperação DEOPS/SP e SNI e a suspeição aos movimentos pela anistia (1975-1983)", de Pâmela de Almeida Resende também vencedora da 2ª edição do Prêmio de Pesquisa Memórias Reveladas do Arquivo Nacional.

Audicéa Rodrigues, com apoio de Inamara Mélo
Do Recife